Além da utilização pelas grandes indústrias, a energia limpa tem se popularizado entre os moradores de diferentes regiões capixabas, que começaram a optar por esse tipo de sistema dentro de casa. Para eles, o investimento vale a pena e ainda ajuda a cuidar do meio ambiente. Em alguns casos, até igrejas também já se mostraram preocupadas com a sustentabilidade dos templos.
Em Vila Velha, uma moradora que decidiu instalar painéis solares na própria casa, em julho de 2022, foi a back office comercial Marineia de Souza, de 53 anos. Já no segundo mês de uso, a conta de energia dela caiu de cerca de R$ 600 para R$ 50, uma queda de 91%.
“Eu tinha muito medo de colocar e não ter um retorno fácil, por causa do alto custo. Mas pelo que já estamos observando, foi um ótimo investimento. Sem contar que estamos colaborando para o meio ambiente, o que é muito importante”, conta.
Apesar de o valor do investimento não ser tão acessível, ela garante que está satisfeita. Ao todo, a moradora do Jockey de Itaparica desembolsou cerca de R$ 30 mil pela instalação.
Marineia destaca ainda a integração desse tipo de energia com algumas inovações tecnológicas, como, por exemplo, um aplicativo que acompanha a produção solar no próprio imóvel. “Diariamente, consigo ver se produzimos uma boa quantidade de quilowatts, se deu para estocar ou ultrapassamos um determinado valor. Tudo na palma da mão. É um aliado na hora de controlar as contas e não exagerar no consumo”, afirma.
O sócio-proprietário da VP Solar Vinícius Allazio explica que uma das principais vantagens dos painéis solares podem ser sentidas no bolso do cliente. Segundo ele, a pessoa consegue quitar o investimento feito em até cinco anos, pagando por mês menos do que custava a energia regular antes de se tornar um microprodutor.
“A pessoa consegue gastar apenas a energia que armazena, sem um uso excessivo de quilowatts. Essa energia limpa fica ali para você, todos os dias. Você pode usar de qualquer forma, desde que não ultrapasse a quantidade que contratou. A parcela de pagamento costuma ser menor do que a conta de energia antiga”, revela.
De acordo com Allazio, as regiões que mais começaram a se preocupar com essa energia renovável são a Serrana, onde o custo de energia regular é mais alto, e a Norte, local com “a melhor irradiação solar que existe no Espírito Santo”. “É um mercado que não para de crescer”, destaca.
Situação no interior
No Noroeste do Estado, o comerciante Alex Lamborghini, de 42 anos, afirma que também já conseguiu colher os frutos do investimento na energia solar. Morador de Colatina, ele gostou tanto do investimento, feito em 2020, que planeja aumentar a capacidade dos painéis.
“Coloquei aqui em casa porque tenho um comércio (de produtos caseiros) no andar de baixo. Aqui são dois andares, e a gente trabalha com delivery. Pelo sistema que contratei, gasto toda a energia que produzo. Mas quero expandir meu negócio e, por isso, quero mais energia. Estou muito satisfeito”, comentou.
O investimento do comerciante foi de R$ 29 mil, segundo relembrou. Antes, ele pagava mais de R$ 1.200 de energia e, hoje, paga cerca de R$ 300. “Independentemente do valor investido, o próprio sistema se paga. Acho que deveria ter até um incentivo do governo, para que outras pessoas também conhecessem e pudessem ter acesso”, defende.
Para o diretor-executivo da Noroeste Solar, Ghabriel Brumatti, houve um “boom” na procura por essa energia sustentável nos últimos anos. Isso, segundo ele, reflete no aperfeiçoamento dos sistemas e na modernização da oferta da energia solar. “Acredito que o marco do início da exploração foi em 2012. Quatro anos depois, começou um crescimento exponencial, que ainda não parou. Há um crescimento acelerado das energias renováveis. E a tendência é aumentar cada vez mais daqui para frente”, pontua.
Outra fonte renovável
Para acompanhar esse novo movimento dos clientes, a Luz e Força Santa Maria, que opera no Noroeste do Estado, também se propôs a ajudar a transformar a realidade do meio ambiente. Desde 2020, a empresa implementou o “Transformador Verde” de distribuição, que, além de biodegradável, é renovável.
Isolado com óleo vegetal, ele traz uma grande transformação, visto que a tecnologia convencional utiliza óleo mineral (à base de petróleo) - material inflamável e ruim para o ecossistema. Nesse cenário, o transformador verde é uma alternativa ecologicamente correta, porque utiliza o óleo vegetal à base de soja, que é o mesmo que se usa na cozinha, mas com alguns aditivos.
“O transformador verde traz benefícios por ter maior capacidade térmica (para atender à mesma carga, usa-se menos transformadores) e pelo óleo ser biodegradável e renovável. Além disso, tem outras diferenças que tornam o equipamento mais eficiente”, explica Henrique Coutinho, assessor de diretoria.
Henrique Coutinho
Assessor da diretoria da Luz e Força Santa Maria
"O transformador verde traz benefícios por ter maior capacidade térmica e pelo óleo ser biodegradável e renovável. Tem outras diferenças que tornam o equipamento mais eficiente"
Energia solar nos templos
Além das casas, por que não energia sustentável nos templos? A Igreja Cristã Maranata (ICM) também tem trabalhado em um projeto para que suas unidades no Brasil se tornem altamente sustentáveis em energia elétrica, a partir da produção de energia solar. No Espírito Santo, a expectativa é que a iniciativa acarrete uma economia de 85% a 95% do valor nas contas de energia, a depender de cada concessionária. Segundo o técnico em eletrotécnica Jakson Nascimento, algumas igrejas já funcionam à base desse sistema: Praia da Costa IV, em Vila Velha, e Jardim Camburi III, em Vitória, ambas desde 2016.
Em outubro de 2018, o ICM iniciou a instalação da Usina de Energia Solar no Maanaim de Carapina, localizado na Serra. No mês de maio de 2019, a obra foi concluída, com a expectativa de que os créditos gerados no local sejam compensados nas contas de 92 igrejas, além de quatro Maanains e na Sede do Presbitério, que fica em Vila Velha. Na Serra, a usina já está produzindo e utilizando a energia, e a sobra está sendo injetada na rede para compensação em unidades vinculadas.
LEIA MAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.