O Litoral Sul do Espírito Santo, pelo menos nos próximos anos, deve se manter no projeto de investimentos da Petrobras. Grandes produtores de óleo e gás, os poços capixabas na Bacia de Campos estão a salvo do movimento de vendas de ativos que a companhia tem feito no Estado.
Para especialistas, essa área que tem comprovadamente grandes volumes de petróleo no pós e no pré-sal precisa receber novas companhias para não ficar na dependência da estatal brasileira, que, diante da crise da pandemia, acabou desacelerando a produção na região e retardou a chegada de um novo navio-plataforma.
Em setembro passado, a estatal confirmou em comunicado ao mercado que está reduzindo e revendo seus investimentos e que vai vender mais ativos, tendo uma atuação ainda mais voltada para os campos que garantem mais lucratividade.
A empresa atingiu, em maio de 2020, a marca de 1 bilhão de barris de óleo produzidos no Parque das Baleias, na porção capixaba da Bacia de Campos.
É nessa localização que a empresa quer se concentrar no Estado. Os campos dessa área - que foram unificados e considerados uma única fonte de petróleo, sendo chamados de Novo Jubarte - ficam entre as cidades de Presidente Kennedy e Piúma.
A Petrobras deve instalar na região uma nova embarcação em 2024. O FPSO Integrado Parque das Baleias deve interligar 25 poços, entre novos e outros em operação. Quando estiver operando, a embarcação deve produzir 100 mil barris de óleo.
O projeto foi adiado em função do choque de preços na guerra do petróleo, agravada pela crise do novo coronavírus. Entretanto, a instalação do FPSO - que demandará contratação de peças subea, algumas feitos no Estado, e também de serviços - ainda é visto com otimismo. O processo de licitação para afretar a plataforma, por exemplo, já foi reaberto.
O edital, publicado em outubro, prevê à empresa contratada o afretamento e a operação da unidade durante a vigência do contrato. As propostas deverão ser entregues até o dia 17 de março de 2021.
O diretor-executivo de Relacionamento Institucional da Petrobras, Roberto Furian Ardenghy, em reunião com o governo do Estado, transmitida pelas redes sociais, reforçou o compromisso do investimento e garantiu que a empresa vai continuar operando no Estado.
“Hoje, nós estamos olhando o mercado de petróleo do Brasil com a perspectiva internacional, mas o Espírito Santo é um Estado que permanece nas prioridades da Petrobras. O projeto do Parque das Baleias está no portfólio e na carteira de investimentos da empresa, e quero reiterar a nossa intenção de não só permanecer no Estado como também, cada vez mais, podermos apoiar e desenvolver projetos de exploração de petróleo no Espírito Santo.”
Para o especialista em petróleo e gás, Durval Vieira de Freitas, da DVF Consultoria, apesar de o investimento ter potencial para resultados positivos, é preciso focar não apenas na Petrobras, mas também na atração de novos negócios. “É preciso investir em tecnologia, e na perfuração de novos poços, se quisermos realmente aumentar a produção. Não podemos depender de apenas uma empresa.”
SUCATAS VIRAM CHANCE DE RENDA
Com a eventual chegada do novo FPSO, deve ocorrer a desmobilização do navio Capixaba, que atua em 7 poços. A ideia é que a nova embarcação assuma, além desses pontos, outros quatro, totalizando 11, sendo 7 produtores e quatro injetores.
O empreendimento terá papel fundamental para abrir oportunidades para a cadeia de fornecedores do Estado, principalmente para empresas como o Estaleiro Jurong e Imetame. Com o novo processo de licitação para afretamento do navio-plataforma, a empresa que ganhar a concorrência poderá comprar o casco do navio no exterior e contratar as duas ou uma dessas empresas para a instalação de módulos e fornecimento de peças.
O descomissionamento – processo de desativação de plataformas antigas e de retirada da estrutura do mar– da FPSO Capixaba - também deve trazer muitas oportunidades para o Espírito Santo, criando empregos, atraindo investimentos e demandando vários serviços e itens de diversas empresas fornecedoras.
Dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostram que o Estado tem 19 planos de descomissionamento, que podem gerar quase R$ 600 milhões em negócios.
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