No sistema educacional dos municípios, transformações têm sido feitas para situar os alunos nas atuais necessidades das comunidades e também do mercado. As redes de ensino das prefeituras da Grande Vitória desenvolvem uma série de atividades práticas e de formação dos profissionais, principalmente referentes à educação ambiental e às relações étnico-raciais.
Na Capital, os alunos têm tido contato com novas tecnologias, com aulas digitais, usos de tablets, mas também são preparados para discutir questões ambientais e sociais.
A Secretaria Municipal de Educação (Seme) é composta por comissões específicas relativas às temáticas das diversidades: Comissão de Educação em Direitos Humanos; Comissão de Educação Ambiental; Comissão de Estudos Afro-Brasileiros (Ceafro), integrada à Comissão de Educação das Relações Étnico-raciais (Cerer); e Comissão de Práticas Restaurativas na Educação.
A de Educação em Direitos Humanos, por exemplo, promove ações curriculares considerando temas como direitos humanos, saúde, trânsito, diversidade religiosa, cultura de paz e não violência, observando os princípios de dignidade humana, igualdade de direitos, reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades, laicidade e democracia na educação. Há também a realização de encontros que abordam questões de gênero, orientação sexual e diversidade sexual, violências e suas motivações. E há a orientação para o preenchimento de formulários e encaminhamentos relativos a casos suspeitos e/ou confirmados de violência.
Outra ação importante realizada por essa comissão é o acompanhamento desses casos junto à Rede de Proteção, o que potencializa a resolução e a agilidade na proteção às crianças e adolescentes em situação de violências. “No que se refere às formações, o objetivo maior é a sensibilização para o desenvolvimento de uma pedagogia do empoderamento, orientada à mudança pessoal e social e ao reconhecimento do outro como sujeito de direito”, informa a Seme.
A secretaria também atua no combate ao preconceito e ao racismo, tendo como política pública a obrigatoriedade do ensino sobre a história e cultura africana e afro-brasileira para resgatar a contribuição dos povos africanos e negros nas áreas social, econômica, política e cultural pertinentes à história do Brasil.
“Na composição do organograma da Seme, há, na Gerência de Formação e desenvolvimento em Educação, a Comissão de Estudos Afro-Brasileiros (desde 2004) e a Comissão de Educação das Relações Étnico-Raciais (desde 2008), que tratam diretamente das pautas antirracistas nas 103 unidades de ensino da rede, atuando com formação de professores e demais profissionais da Educação, atendendo estudantes e toda comunidade escolar”, informa o órgão da Capital.
Ao longo de 2022, projetos antirracistas foram desenvolvidos nas escolas, apresentações e mostra culturais, incentivando mudanças de comportamentos nos estudantes das escolas que desenvolveram o currículo antirracista por meio da metodologia de projetos interdisciplinar, envolvendo todo coletivo escolar.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Adão Benezeth, por exemplo, é destaque em um movimento que estimula toda a escola a potencializar o gosto pela literatura afro-brasileira e indígena, buscando a valorização das identidades das crianças da comunidade e dialogando sobre as relações étnico-raciais no ambiente escolar de forma a transformar as realidades no sentido positivo.
Outros exemplos são os Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei) Ocarlina Nunes de Andrade, Yolanda Lucas da Silva, Silvanete da Silva Rosa Rocha, Luiz Carlos Grecco, Gilda de Athayde Ramos e Carlita Corrêa Pereira, que levaram encantamento por meio das literaturas negras e contação de histórias para as crianças, no sentido de reafirmar as identidades afro-brasileira e toda diversidade que compõe a educação. As crianças são protagonistas e se veem representadas nos muros das unidades de ensino, nas atividades, nas literaturas.
“São muitas unidades que desenvolvem parcerias com artistas plásticos, escritores, MCs, personagens negros no cenário capixaba, para que os estudantes conheçam exemplos de resistência, de superação, potência humana e intelectualidade negra, mostrando que os sonhos são possíveis. A escola tem uma função importantíssima, principalmente de elevar a autoestima, dando oportunidades de descobertas diversas, entre elas do estudante se descobrir e valorizar suas identidades e a de seus pares, compreendendo que as diferenças nos constituem e precisam ser valorizadas e respeitadas.”
Já a Comissão de Educação Ambiental (Cease) é uma das responsáveis por planejar e coordenar a execução da Política Municipal de Educação Ambiental (PMEA), promovendo ações de preservação, conservação, recuperação e sustentabilidade socioambiental. A Cease acompanha iniciativas pedagógicas das escolas, para que o tema seja inserido nas ações educativas. A ideia é que esses projetos ultrapassem as salas de aula, atingindo as comunidades locais e os movimentos sociais, visando ao exercício da cidadania e uma busca coletiva por soluções.
Secretaria de Educação de Vitória
Em nota
"São muitas unidades que desenvolvem parcerias com artistas plásticos, escritores, MCs, personagens negros no cenário capixaba, para que os estudantes conheçam exemplos de resistência, de superação, potência humana e intelectualidade negra, mostrando que os sonhos são possíveis. A escola tem uma função importantíssima, principalmente de elevar a autoestima"
“As ações educativas transversalizam o plano de aula dos professores de diferentes componentes curriculares e a metodologia empregada é participativa. O acompanhamento dos objetivos e alcance dos mesmos é realizado via monitoramento dos projetos pedagógicos, pois esses são encaminhados para a Cease, compartilhados com os representantes de cada nível e modalidade de ensino que compõem a Comissão”, informa a secretaria.
Em 2022, o órgão destaca a implantação ou continuidade das hortas escolares e comunitárias nas Emef Adevalni Sysesmundo Ferreira de Azevedo, Irmã Jacinta Soares de Souza Lima, e Orlandina D’Almeida Lucas. Já na Prática Experimental em Educação Socioambiental, destacam-se as Emef Octacílio Lomba e Suzete Cuendet, que desenvolveram um projeto de revitalização do espaço escolar e de visitação aos parques ecológicos de Vitória.
As escolas Suzete Cuendet e Edna de Mattos Siqueira Gáudio participaram do projeto Programa Educacional de Formação de Agentes Ambientais Sustentáveis (Proefas) em parceria com a Polícia Militar ambiental. E o Cmei Yolanda Lucas da Silva e a Emef Marechal Mascarenhas de Moraes desenvolveram ações importantes para preservação do manguezal, sensibilizando toda a comunidade com ações educativas e caminhada pelas ruas do bairro.
De acordo com a Seme, o processo de desenvolvimento da cidadania dentro da sala de aula é contínuo. A cada início de ano, a Gerência de Formação e Desenvolvimento em Educação elabora um novo plano de ação, a partir da avaliação diagnóstica e das demandas apresentadas. “Tendo como base os princípios estabelecidos nos marcos legais para o enfrentamento às diversas formas de violência, os processos formativos, bem como o acompanhamento às unidades de ensino pela via de assessoria e pesquisa configura-se no melhor caminho para contribuir com as discriminações e preconceitos e, consequentemente com o enfrentamento às violências”, destaca o órgão.
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