A energia que vem do sol e do vento é que move os investimentos nos territórios inteligentes. Esse é o futuro perseguido pelo Espírito Santo, que aposta em painéis solares e parques eólicos para continuar crescendo de forma sustentável.
Ainda que a indústria de petróleo e gás tenha uma importante participação na economia do Estado, iniciativas que estimulam a transição energética começam a ganhar força tanto no setor público quanto no privado.
Renato Casagrande
Governador do Espírito Santo
"O petróleo para nós é muito importante, o gás é uma transição que temos, mas é preciso focar energia renovável. Temos que saber fazer a migração"
“Nós assumimos o compromisso de chegar à neutralidade de carbono em 2050 e, desde já, vamos estruturar esse plano. Este é um debate fundamental para nós, e não é um debate apenas ambiental, mas também econômico”, destaca o governador Renato Casagrande.
Para incentivar a diversificação da matriz energética e o uso de fontes limpas, o governo capixaba traçou estratégias e reuniu políticas públicas dentro do programa de Energias Renováveis (Gerar).
“No programa, temos previstos, entre outros pontos, incentivos fiscais que zeram o ICMS para a produção de até 5 megas na microgeração de energia solar fotovoltaica, além do estímulo à pesquisa e às atividades acadêmicas relacionadas a fontes renováveis”, explica o secretário de Inovação e Desenvolvimento do Estado, Tyago Hoffmann. Segundo o secretário, também está nos planos do governo uma Parceria Público-Privada (PPP) para instalação de miniusinas de energia solar para atender prédios públicos.
Tyago Hoffmann
Secretário de Inovação e Desenvolvimento do Estado
"Nosso objetivo é tornar o ES o primeiro Estado brasileiro com 100% da sua energia consumida a partir de fontes renováveis. A partir dessa PPP, queremos nos transformar no principal modelo para o Brasil"
Entre as ações já em implementação pelo governo estadual está a instalação de placas fotovoltaicas em escolas da rede estadual para geração de energia limpa.
De início, 70 unidades de ensino terão geração própria de energia em 2021. Mas a proposta é ampliar o abastecimento nos próximos anos, garantindo energia solar em mais escolas. Na expectativa do governo, no futuro, poderá ser possível até comercializar o excedente energético produzido.
A necessidade de crescer de forma sustentável também está sendo colocada como premissa pelas companhias. A presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini, observa que discutir o futuro do setor energético representa oportunidades para o setor produtivo e para toda a sociedade.
“Este é um tema que praticamente será obrigatório na pauta das organizações e dos governos que desejam estar conectados com as melhores práticas mundiais. E, aqui no Estado, esse movimento já começou a ser adotado por grandes empresas. Mas o que devemos entender é que a energia renovável não deve ser só uma bandeira, mas um tema que requer ações pragmáticas”, defendeu Cris durante a Oil, Gas and Energy Week, evento organizado pela Findes por meio do Fórum Capixaba de Petróleo, Gás e Energia.
Cris Samorini
Presidente da Findes
"O debate sobre fontes de energias renováveis será obrigatório na pauta das organizações e dos governos que desejam estar conectados com as melhores práticas mundiais. Mas o tema não deve ser só uma bandeira, requer ações pragmáticas"
Fonte de energia inesgotável, o vento que sopra forte no litoral capixaba tem entrado cada vez mais no radar de empresas que buscam diversificar seus investimentos, e tem atraído até gigantes do petróleo, como a petroleira norueguesa Equinor (ex-Statoil).
A companhia, que já tem blocos de exploração de petróleo no Estado, pretende usar o mar capixaba também para gerar energia limpa, a partir de correntes de ar, na região de Itapemirim, no Sul do Estado.
A multinacional quer licenciar um parque eólico offshore (no mar) no Espírito Santo e outro no Norte do Rio de Janeiro. A empresa informou que já deu início ao processo de estudos de impacto ambiental. Os dados são necessários para determinar a viabilidade de desenvolvimento do empreendimento.
Na proposta em avaliação, cada parque eólico terá capacidade de 2 gigawatts (GW), totalizando 4 GW. Trata-se do maior projeto de energia eólica já apresentado a órgãos ambientais no país e também a primeira iniciativa dessa fonte energética da empresa no Brasil, sendo que, desde 2017, a norueguesa desenvolve operações similares na Europa.
Para se ter ideia do impacto do negócio, a energia gerada pelas turbinas (aerogeradores) nos dois empreendimentos seria suficiente para abastecer todos os lares do Espírito Santo e ainda deixaria algum excedente. Em 2019, a energia criada a partir de ventos teve cerca de 6 GW instalados no país. O Brasil, porém, ainda não tem projetos eólicos em alto--mar. Esse seria o primeiro.
A economista-chefe da Findes e gerente executiva do Ideies, Marília Silva, ressalta que o Estado têm características fundamentais para propiciar um crescimento de energias renováveis, que são tendências.
“Quando olhamos para os investimentos globais no segmento energético, vemos duas tendências reversas: o setor de petróleo e gás vem numa tendência de redução, e o de energias renováveis, em uma tendência de crescimento desses investimentos”, compara.
Mas Marília ressalta que a substituição de um modelo para outro não acontece no curto prazo. “Muito pelo contrário. Na verdade, estamos passando pela transição dessas matrizes. O segmento de combustíveis fósseis está priorizando investimentos mais rentáveis e produtivos. Por outro lado, o setor de energias renováveis vem como um encaixe ideal para o momento que estamos vivendo, de busca pelo crescimento sustentável.”
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