Trabalho com a horta estimula alunos a terem contato com outras atividades
Trabalho com a horta estimula alunos a terem contato com outras atividades. Crédito: Prefeitura de Cariacica

Ensino em sala de aula vai muito além das matérias básicas

Escolas estimulam alunos a escreverem suas histórias como cidadãos conscientes sobre as pautas sociais e ambientais e os preparam para o mercado profissional

Tempo de leitura: 7min
Publicado em 23/12/2022 às 08h44

Muito além de ensinar Português e Matemática, as escolas têm se tornado espaço para a construção de cidadãos mais conscientes e protagonistas das mudanças no planeta, competências que, inclusive, são muito valorizadas pelo mercado de trabalho.

Em Cariacica, a Secretaria de Educação aplica uma série de ações que se estende desde a educação infantil aos anos finais do ensino fundamental. A educação ambiental, por exemplo, é fundamentada no desenvolvimento de um ensino crítico, cuja finalidade visa a “propiciar aos alunos uma atuação humana responsável no mundo, capaz de fomentar as relações sociais e a sua interação com o meio ambiente”, explica em nota, ao afimar ainda que a questão ambiental está alinhada aos princípios da Organização das Nações Unidas (ONU).

A secretaria enfatiza que as práticas ambientais nas escolas consolidam a construção do conhecimento por meio de ações capazes de repercutir na ampla conscientização, com foco na redução dos impactos da humanidade ao meio ambiente. “Nesse sentido, nossas escolas têm se constituído como espaços democráticos e potencializadores dessas ações, capazes de promover momentos de debates, contribuindo para a capacitação de alunos protagonistas na condução de meios para transformar as atitudes humanas, tornando-os cidadãos conscientes e capazes de interferir no mundo para a sustentabilidade ambiental.”

A Secretaria de Educação de Cariacica informa que também tem atuado no atendimento das políticas públicas de igualdade racial por meio do Grupo de Estudos de Equidade Racial, cuja finalidade é a construção de um projeto institucional de inclusão em massa da temática de equidade racial na rede municipal de ensino. O objetivo é oferecer formação de sensibilização étnico-racial para professores e técnicos da Seme.

Entre os projetos desenvolvidos na cidade está o Horta Nas Escolas. A ideia promove o contato dos alunos com a natureza, levando-os a entender a importância da preservação do meio ambiente. Eles têm contatos com práticas sustentáveis na preparação do solo, no plantio, no desenvolvimento e na colheita dos vegetais. Além disso, são orientados sobre a importância da alimentação saudável.

As turmas ainda participam de um programa de plantio de espécies da Mata Atlântica em áreas dos colégios. As mudas foram doadas pelo campus de Cariacica, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).

Em Vila Velha, considerando o desenvolvimento das práticas curriculares referentes às questões ambientais e étnico-raciais, a Secretaria Municipal de Educação incluiu duas coordenações: a de Educação Ambiental e a de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Indígenas (CEAFRI), além de dispor de uma gerência que promove ações referentes a igualdade de gênero, que é a Gerência de Saúde, Educação e Prevenção.

“Dessa forma, desenvolvemos em mais de 50% das escolas da rede projetos institucionais para combater o preconceito racial, promoção da igualdade de gênero e consciência ambiental, tais como Projeto Comunicação Não Violenta, Consciência Cidadã, Respeito às Diferenças, Desmitificando o Índio que mora na nossa cabeça, Diálogos Antirracistas, Coleta Seletiva, Horta Escolar, entre outras propostas.”

Um dos destaques em 2022 foi o Programa Trabalho Justiça e Cidadania 2022 (TJC), no qual alunos desenvolveram trabalhos com temas relacionados ao direito do trabalho, direitos humanos, assédio sexual, trabalho infantil e demais assuntos relacionados ao exercício da cidadania. As apresentações dos alunos poderiam ser feitas por meio de vídeos, teatros, textos, desenhos, música, poesia, esquetes e artes em geral.

Para a coordenadora do programa na Secretaria Municipal de Educação, Juliana Coutinho, o TJC agrega conhecimento e aprendizagem dos alunos e em todos os profissionais envolvidos, além de melhorar o desempenho dos estudantes em diversas áreas.

“São seis meses de estudo e planejamento e vimos muito empenho e dedicação de todos que abraçaram o programa e fizeram valer cada momento. É lindo ver que nossos alunos estão aprendendo tanto com os projetos parceiros de nossa gerência. Já recebi relatos de diretores que observaram grande melhoria dos alunos em relação à disciplina, educação e respeito dentro das escolas”, compartilha.

50%

É o percentual de escolas de Vila Velha que atuam com ações de equidade e preservação ambiental

Desenvolvido em seis unidades de ensino fundamental, o Programa Consciência Cidadã é outro exemplo de como envolver alunos em debates atuais. Por meio de uma parceria entre a Gerência de Saúde, Educação e Prevenção e a Grande Loja Maçônica do Espírito Santo, os alunos participaram de um ciclo de palestras, visitaram a Polícia Federal e depois desenvolveram projetos de ações voluntárias e cidadãs, sobre um tema de relevância na escola e na comunidade do entorno, como violência doméstica.

“Nós temos como meta a educação integral dos estudantes, acreditamos nessa formação completa. O aluno precisa aprender sim Matemática e Português na escola, mas também precisa compreender temas contemporâneos, valores sociais e desenvolver o comprometimento com a sociedade”, ressalta o secretário Rodrigo Simões.

Essa conscientização começa cedo. Alunos das unidades municipais de educação infantil estão aprendendo sobre a história e cultura africana e afro-brasileira por meio de histórias contadas. É o projeto “Contos, Cantos e Encantos, da África ao Brasil”. As histórias são lúdicas e chamam a atenção das crianças, que se divertem ao mesmo tempo que aprendem mais sobre a temática étnico-racial. O conhecimento e a valorização da cultura são repassados de uma forma didática e apropriada para a idade.

Merece destaque, ainda, o projeto em educação socioemocional Trilhas do Ser. A Educação Socioemocional é reconhecida como instrumento educacional validado institucionalmente e teve sua necessidade ainda mais fortalecida com o contexto da pandemia. “Os desafios relacionados a esse tema estão ainda mais agravados com as consequências da pandemia. Por isso, se torna, ainda mais indispensável, que a escola desenvolva com os alunos as competências emocionais e sociais, além das cognitivas”, explica o gerente de Formação Continuada, Elson Augusto do Nascimento.

Os benefícios previstos com a iniciativa são inúmeros: redução da evasão escolar, diminuição de casos de bullying e violência, promoção de um ambiente escolar mais acolhedor, melhoria nas relações pessoais e nos indicadores da escola. Entre os alunos, os impactos positivos esperados são a redução de casos de depressão e ansiedade, aumento da capacidade de aprendizagem e mais autonomia, confiança, responsabilidade e consciência dos pontos fortes e limitações.

Escolas contam com rede de apoio para ampliar aprendizado

As escolas não estão sozinhas na missão de educar para que os jovens tenham um futuro melhor. Por meio de parcerias com empresas e organizações, a Prefeitura da Serra realiza ações para tratar temas como preservação ambiental e combate à violência de gênero e ao racismo.

Entre os programas imersivos envolvendo educação ambiental está o Amigos da Jubarte. Já o Projeto MPT nas Escolas, feito em parceria com o Ministério Público do Trabalho estadual, traz reflexões sobre trabalho infantil e a segurança escolar.

Em parceria com o Sebrae, o município desenvolve o Jeep (Jovens Empreendedores Primeiros Passos) para despertar a consciência empreendedora dos estudantes do ensino fundamental. No EJA Empreendedora, os jovens têm dicas sobre como abrir ou aprimorar seus negócios. A iniciativa ainda prepara os estudantes para o mercado de trabalho, ensinando até como se comportar numa entrevista de emprego.

Com o objetivo de levar conhecimento prático e inovação para as escolas, a Fundação ArcelorMittal realiza na rede municipal da Serra o método STEAM que trabalha de forma integrada as áreas S (Science, Ciência em inglês), T (Tecnologia), E (Engenharia), A (Artes) e M (Matemática).

Outro destaque é o Programa Territórios do Saber, que traz uma proposta de recomposição de aprendizagens de forma lúdica, onde são trabalhadas Literatura/Escrita, Matemática, Arte e Práticas Corporais de forma interdisciplinar.

Segundo a prefeitura, a ação, que atende a 120 estudantes do 3º ao 6º ano das unidades de ensino em Jardim Carapina, trouxe uma melhora significativa no rendimento e permanência do estudante na escola, além retirar alunos de situações de risco e violência. O programa está sendo ampliado para outras regiões da Serra.

Presente em quase toda a rede municipal de ensino, a Oficina de Afeto ministra palestras sobre situações do dia a dia dos estudantes, abordando saúde mental, relações familiares e prática profissional.

Já o LiteraSerra é um Projeto Literário da Sedu/Serra que promove ações para a valorização e estímulo à literatura nas comunidades escolares. Na avaliação da secretaria, tais ações permitem ampliar o potencial cultural dos alunos, favorecendo o desenvolvimento do senso crítico e melhorando a relação com o mundo em que vivem.

Além disso, desde 2018, a Coordenação de Estudos Étnico-raciais assessora e acompanha as ações de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, desenvolvidas nas escolas, orientando sobre a importância da implementação de práticas que valorizem a diversidade étnica, religiosa e de gênero.

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