A construção de um novo setor industrial está em curso: é a chamada indústria 5.0. E se antes o principal objetivo era melhorar a produção, agora a meta é colocar máquinas em sinergia com pessoas, para proporcionar boas experiências para os consumidores e trazer mais segurança aos trabalhadores.
É o que ocorre no processo industrial da Suzano, por exemplo. A companhia trabalha com câmeras de fadiga instaladas em 100% da frota. Os equipamentos utilizam imagens em tempo real, que são analisadas via inteligência artificial, para detectar fadiga ou desvios de comportamento dos motoristas, explica o gerente-executivo de operações florestais, Alberto Souza Vieira.
“O software embarcado no sistema detecta automaticamente situações inseguras como desatenção, olhos fechados por mais de um segundo e desvios comportamentais. Assim, o sistema emite alertas de fadiga ou de desvios, que são tratados em tempo real por um time especializado”, detalha.
Vieira destaca ainda que a telemetria também possibilita controlar a jornada de trabalho dos motoristas em 100% da frota, visando a atender à legislação, velocidade de tráfego por trecho e gestão de performance.
“A empresa conta com um time que monitora a frota 24 horas, agindo com tratativas imediatas que favorecem a adoção de ações preventivas, buscando evitar acidentes. A sala de telemetria da Suzano é um exemplo de como o uso da transformação digital contribui para levar mais segurança aos trabalhadores que atuam no transporte de madeira e, consequentemente, às comunidades por onde circulam”, aponta.
Especialista em inovação do Findeslab, Edmilson Queiroz dos Santos Filho destaca que, no contexto de inovação, a indústria 5.0 tem como premissas a experiência do cliente, hiper customização, cadeia de suprimentos responsiva/distribuída, produtos interativos e produção com interação entre a mão de obra humana e as máquinas. Já a indústria 4.0, baseia-se na digitalização e no mundo ciber físico.
“O conceito de indústria 5.0 surgiu durante a CeBIT 2017, na Alemanha. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, utilizou o termo ‘Sociedade 5.0’ em seu discurso, no qual afirmou que ‘estamos vivendo o início do quinto capítulo’. Conseguimos encontrar hoje soluções inimagináveis até pouco tempo atrás. Esta é uma era na qual tudo está conectado e todas as tecnologias convergem”, contextualiza.
Diante de um conceito tão recente, Edmilson Queiroz avalia que, assim como no Brasil, a indústria capixaba ainda está em um processo de evolução buscando se modernizar. “A indústria 4.0 e a indústria 5.0 podem coexistir, pois essa última busca suprir alguns hiatos deixados pela primeira, trazendo temas como economia circular, sustentabilidade, bem-estar dos colaboradores e atração de talentos para o processo de evolução”, entende.
O Findeslab, hub de inovação da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), tem o objetivo de auxiliar empresas e empreendedores nessa guinada de inovação.
Para a gerente de inovação do Findeslab, Naiara Galliani, a evolução rápida dessas tecnologias acaba sendo um dos maiores desafios das organizações. “Hoje, não é a maior ou a mais tradicional empresa que prospera e, sim, aquela que se adapta melhor no ambiente. Isso chama-se ‘darwinismo empresarial’”, destaca. ;
Principais características da indústria 5.0
- Centrada no ser humano: promove talentos, diversidade e empoderamento
- Resiliente: é ágil e adapta-se com tecnologias flexíveis
- Sustentável: ações de sustentabilidade e respeito às fronteiras planetárias
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