Quem anda pela microrregião Metropolitana capixaba, muitas vezes, acaba confundindo os limites das sete cidades que a compõem, de tão conectadas. Somadas, elas concentram quase metade da população do Espírito Santo em apenas 5,5% do território estadual. Por isso, para especialistas, é importante que todos esses municípios se desenvolvam de forma integrada.
A Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) é formada pela Capital capixaba (Vitória), Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana e Vila Velha.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a microrregião concentra uma população estimada em mais pouco de 2 milhões de habitantes, sendo que, em todo o Espírito Santo, moram cerca de 4 milhões de pessoas.
Enquanto no Estado a taxa média de habitantes por quilômetro quadrado (Hab./km²) é equivalente a 86,19, nesses sete municípios metropolitanos ela é quase dez vezes maior, chegando a 838,83 Hab./km².
Mas não é apenas o número de moradores dessa microrregião que é maior que o das demais. Seu Produto Interno Bruto (PIB) representa 57,69% do Estadual. Quanto à composição do PIB por setores, destaca-se a atividade de serviços, com 57%, seguida pela receita dos impostos líquidos de subsídios sobre produtos, com 21%,e a indústria, com 21%. Já a atividade de agropecuária não contribui na composição do PIB.
O economista e coordenador-geral da Faculdade Pio XII, Marcelo Loyola, lembra que a Microrregião Metropolitana é o principal núcleo dinâmico da economia capixaba.
“Por estar localizada no espaço mais estratégico do Estado é forte ponto de convergência para as demais microrregiões, encontro das principais conexões logísticas. Ela também abriga a capital do ES, onde estão localizadas as principais instituições públicas, estaduais e federais”, cita.
Outro fator que também chama atenção para a localidade é o volume de geração de empregos formais. De acordo com dados do Ministério da Economia, na região, são 464,7 mil profissionais trabalhando com carteira assinada.
Já segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Espírito Santo (Sebrae-ES), mais de 230 mil empresas de todos os portes estão instaladas na metrópole.
“Temos uma grande concentração de negócios nessas cidades devido também ao fato de a população ser bem maior do que a das demais microrregiões do Estado. E, como consequência, a região também contribui com o maior percentual do PIB do Espírito Santo”, comenta o superintendente do Sebrae-ES, Pedro Rigo.
A diretora de Estudos e Pesquisas do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Latussa Laranja, ressalta que, apesar dos bons números, é preciso lembrar que existem condições muito diferentes entre os municípios da região.
“Vitória e Serra, por exemplo, tâm a renda mais elevada. Já Vila Velha e Cariacica, apesar de serem muito populosos, têm uma situação de arrecadação de impostos reduzida”, compara a especialista.
Ainda de acordo com Latussa, para resolver os problemas de uma região, quando as pessoas a enxergam e utilizam como sendo uma cidade só, é preciso de integração.
“A integração do sistema Transcol é um bom exemplo. Ela permitiu que uma pessoa de um município possa trabalhar ou estudar em outro e pagar apenas uma passagem para percorrer todo o trajeto. Na Região Metropolitana, as pessoas transitam entre as cidades sem perceber os limites municipais”, afirma.
PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS
Algumas das maiores empresas do país escolheram a Região Metropolitana para abrigarem seus negócios. Entre elas estão a Vale, em Vitória; o Grupo Águia Branca, em Cariacica; e a ArcelorMittal, na Serra.
Atualmente, a ArcelorMittal tem cerca de 10 mil empregados, entre diretos e indiretos. “Somos responsáveis por cerca de 13% do PIB do Espírito Santo e também respondemos, em termos de arrecadação, por expressivo volume em receita: somente em 2020, foram mais de R$ 325 milhões entre ICMS e ISS”, destaca o CEO ArcelorMittal Aços Planos América do Sul, Jorge Oliveira.
Ele acrescenta que a empresa é responsável por mais de 16% da produção nacional de aço bruto e tem como estratégia priorizar os fornecedores locais. “Mantendo, dessa forma, ampla cadeia local com injeção de milhões de reais, anualmente, em produtos e serviços”, complementa Oliveira.
Durante a pandemia da Covid-19, entre os meses de janeiro e junho de 2021, a Vale destinou R$ 1,4 bilhão em compras com fornecedores locais no Espírito Santo.
Nesse período, a média de contratação de produtos e serviços locais foi de 54%. Foram realizados negócios com 421 empresas no Estado pela mineradora que mantém 13,5 mil funcionários, entre próprios e terceirizados.
O presidente do Grupo Águia Branca, Renan Chieppe, destaca que as empresas vêm desenvolvendo diversas ações voltadas ao bem-estar social e desenvolvimento regional.
“Um exemplo é a Amigab, nosso programa de engajamento. E o outro é o projeto da Escola de Tempo Integral. Além de sermos parceiros do projeto, nosso ex-vice-presidente de Relações Institucionais, Luiz Wagner Chieppe, teve participação ativa na sua implantação. Temos muito orgulho em falar deste projeto, do quanto nos engajamos e acreditamos nele”, comenta. ;
SOLUÇÃO PARA PROBLEMAS PEDE PARCERIA
“A solução dos problemas de aglomeração urbana estão ligados à melhoria de infraestrutura. Sabemos que o maior adensamento populacional traz questões que não aparecem em outras regiões, como o aumento da criminalidade. Mas o Espírito Santo vem avançando em segurança pública e também na assistência às famílias que mais precisam de apoio do poder público, com educação, saúde e lazer”, diz a diretora de Estudos e Pesquisas do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Latussa Laranja.
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), Heldo Siqueira, aponta que, para reduzir a desigualdade e impedir o crescimento da violência é necessário incentivar a geração de emprego e ampliar a renda dos trabalhadores da região. Isso pode ser feito com o incentivo de novos investimentos, por meio de financiamentos.
“Além disso, o investimento público direto também tem capacidade de melhorar a renda da população através da contratação de novos trabalhadores e prestando gratuitamente serviços que a população teria que pagar”, explica. Para o prefeito da cidade de Vitória, Lorenzo Pazolini, é preciso diálogo, pensar nas necessidades de seus habitantes e trabalho em conjunto para que os municípios se desenvolvam.
“É preciso pensar no todo, de forma integrada. Já treinamos a guarda municipal de Viana e agora estamos fazendo o mesmo com Cariacica. Além disso, disponibilizamos toda a nossa tecnologia do sistema de marcação de vacinas para os demais municípios do Estado”, elenca.
Este vídeo pode te interessar
Já o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, lembra que as cidades metropolitanas têm muito em comum. “Às vezes, elas utilizam recurso público para fazer a mesma coisa. Enxergando a região metropolitana como um grande município, poderíamos, por exemplo, melhorar a aplicação do dinheiro público. Se os municípios se integrarem, eles serão beneficiados. Isso evitaria competição entre as cidades e também traria melhorais nas áreas de saúde, educação, segurança pública e infraestrutura”, avalia. ;
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.