Do uso de materiais ecologicamente corretos ao posicionamento estratégico de janela e portas, a sustentabilidade está presente nos mínimos detalhes no setor imobiliário. E não é só um comportamento momentâneo, os “imóveis verdes” vieram para ficar.
“As matérias-primas com o tempo acabam. Diante disso, já se pensa em materiais que possam ser reciclados e reutilizados”, pontua o empresário Leandro Lorenzon, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES).
O imóvel sustentável é aquele que procura preservar os recursos naturais durante a construção. A residência também precisa oferecer ao morador itens para ajudar em uma convivência com mais harmonia com o meio ambiente. Além desses pontos, criar um espaço onde as pessoas possam ter contato com a natureza faz parte do conceito.
Quem deseja levantar uma casa verde já conta com aliados. A tecnologia é uma delas, e se apresenta, por exemplo, em tintas que reduzem o impacto solar ao absorver menos calor. Sem a sensação de aquecimento, as pessoas não sentem a necessidade de ligar aparelhos de arcondicionado e ventiladores, reduzindo o uso de energia elétrica.
Mas o impacto do sol nos imóveis verdes aparece de forma positiva quando os painéis solares entram em cena. As placas fotovoltaicas - como são conhecidas - transformam os raios em energia.
“Existem locais com energia por assinatura, um consórcio, onde as pessoas pagam para ter energia por meio dos painéis solares. Isso é bom, porque, a partir de janeiro de 2023, a energia renovável vai começar a ser taxada. Então seria uma forma de acesso a esse modelo”, analisa o gerente de Relacionamento Institucional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espirito Santo (Crea-ES), Giuliano Battisti.
O aproveitamento da luz natural é um elemento importante dentro dos projetos arquitetônicos. Além de trazer economia, proporciona o bem-estar de quem vive no imóvel. Auxilia ainda no conceito de carbono zero, que consiste em neutralizar a emissão desse gás, por meio da redução da emissão e compensação. Por isso, a análise da posição do sol durante o dia e a localização de portas e janelas de forma a potencializar a entrada de luz são fatores que contribuem para a sustentabilidade. Entre as técnicas, está a da iluminação zenital que valoriza a iluminação natural, com menos impacto à natureza.
A inovação aparece também nos telhados. Segundo Battisti, há uma pesquisa sobre lajes com superfícies ópticas parecidas com espelhos que, junto com painéis solares e tubos de água, contribuem para o sistema de resfriamento interno dos imóveis. “No futuro, essa tecnologia pode ser um substituta ou um paliativo para o arcondicionado”, analisa.
O verde entra literalmente em cena ao usar a grama na laje para diminuir os impactos da poluição. Isso acontece, pois ele bloqueia partículas de poeira e como consequência purifica o ar, isola ruídos e calor.
As mudanças sustentáveis no mundo dos imóveis afetam até a legislação. O Plano Diretor Urbano (PDU), que define aspectos físico-geográficos dos municípios, investe em vendas de terrenos com mais área permeável.
Giuliano Battisti
Gerente de Relacionamento Institucional do Crea-ES
"Existem locais com energia por assinatura, um consórcio, onde as pessoas pagam para ter energia por meio dos painéis solares "
Leandro Lorenzon
Vice-presidente do Sinduscon
"As matérias-primas com o tempo acabam. Diante disso, já se pensa em materiais que possam ser reciclados e reutilizados"
O reflexo ao meio ambiente ocorre porque, em períodos chuvosos, por exemplo, há mais espaço para a água escoar. Ou seja, há menos necessidade de drenagem humana. Evita-se ainda os alagamentos.
Os materiais usados para a construção precisam integrar todo o projeto para que a meta de sustentabilidade seja alcançada. E para além da escolha, é importante o como usar. Ao rebocar uma parede, por exemplo, é possível utilizar a argamassa que caiu no chão durante a aplicação e evitar o desperdício de material. Além disso, comprar produtos na quantidade certa conduz a uma construção com menos produção de lixo e poluição.
Já em relação aos materiais para levantar a obra, é importante verificar a procedência deles e se estão enquadrados no modelo sustentável. A forma de produção impacta no planeta, então entender se os meios de fabricação são sustentáveis é relevante. Dessa forma, os fornecedores entendem também a necessidade de se produzir com menos impacto ao meio ambiente.
Também é necessário entender de onde vêm os produtos. Até chegar no destino para a produção, eles podem viajar mais do que o necessário. Assim são produzidos poluentes pelo transporte do material a ser usado. “Se compra um material cerâmico que está vindo lá do Rio Grande do Sul, e chegou por meio de transporte rodoviário, olha a quantidade de combustível consumido. Um do Rio de Janeiro gastaria menos”, explica Lorenzon.
Já em relação aos produtos usados para “levantar” a casa, existem diversas opções. O tijolo ecológico ajuda a reduzir em 90% o consumo de água, erosões e impacto no lençol freático. Caso sejam utilizadas madeiras para a construção, a preferência é por madeiras de reflorestamento.
Porém, se a opção for pelo concreto, entra em cena o bioconcreto. O material diminui o impacto ambiental da indústria ao se autorreparar. Quando há fissuras ou rachaduras, ela se regenera por meio de bactérias existentes nela e, assim, consegue evitar a compra de novos materiais para reparação. O produto também é capaz de absorver carbono da atmosfera.
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Todos os elementos, desde a construção até a finalização são importantes para o imóvel ser considerado sustentável. “O cliente é o órgão regulador, então não basta só botar um triturador para ele achar o empreendimento sustentável. É todo o processo”, afirma Battisti.;
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