Investindo cada vez mais em inovação e projetos de sustentabilidade, o Espírito Santo vem caminhando para se tornar um Estado inteligente. Contudo, trata-se de um trabalho constante e ainda há uma série de desafios a superar ao longo dessa busca por desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Em termos de solidez fiscal, o Executivo capixaba é o que mais se destaca entre as unidades da federação (UFs), no Ranking de Competitividade dos Estados. Conta com um Fundo Soberano de saldo multimilionário e, há dez anos, mantém a nota A do Tesouro Nacional, uma espécie de selo que atesta a capacidade de pagamento.
Esse ambiente econômico saudável é um dos fatores que favorece a atração de novos negócios, por exemplo. Os números nesse sentido, inclusive, vêm sendo positivos. Mesmo em meio à crise, entre janeiro e outubro de 2021, o Espírito Santo bateu recorde de abertura de empresas, superando, em dez meses, o número de novos empreendimentos criados em todos os outros anos, desde 2010.
Também há destaque em outros indicadores. O Espírito Santo ocupa a sétima posição no ranking de sustentabilidade ambiental, por exemplo. É o Estado com menor mortalidade infantil em território brasileiro, e a longevidade média de sua população está entre as maiores do país.
Além disso, a qualidade do ensino vem ganhando reconhecimento. O Espírito Santo é dono, por exemplo, da oitava posição no Ranking de Competividade no pilar educação, e conta com o melhor ensino médio do país.
Todos esses componentes auxiliam na criação de um Estado inteligente, que é construído com base em planejamento, uma boa gestão de recursos, infraestrutura e também tecnologia. Quando o assunto é inovação, aliás, o Espírito Santo ocupa a nona posição no país. Na visão do gerente do Sebrae/ES, Luiz Felipe Sardinha, ainda há muito espaço para avançar nessa área em particular. Alguns setores, ele observa, já abraçaram as mudanças conforme novas tecnologias foram surgindo.
Outros foram empurrados na direção dessa transformação durante a pandemia, que exigiu um ajuste no modo de operacionalizar negócios diante da necessidade de distanciamento social.
O fato é que a inovação não apenas pode, como deve ser aplicada onde for possível, e não apenas para beneficiar negócios, mas a população de um modo geral. Mas, conforme observou o presidente do Instituto Brasileiro de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis, André Gomyde, a tecnologia é apenas um meio para se alcançar um objetivo. E para que uma territorialidade funcione de forma inteligente, é preciso solucionar, primeiro, outros desafios.
É imprescindível pensar o espaço em cada aspecto, mas, sobretudo, é necessário entender as pessoas e suas necessidades.
74 mil
famílias no ES estão em situação de déficit habitacional, ou seja, vivem em casas precárias. Cidades inteligentes garantem moradia digna à população
“Na pandemia, por exemplo, houve um aumento da desigualdade social. Quem tem acesso à conectividade, quem trabalha conectado, continuou trabalhando. Quem estava de fora teve mais dificuldades. É preciso entender a realidade das pessoas, para criar formas de atender às demandas existentes, de acordo com o que foi percebido.”
Hoje, de todo o esgoto gerado no Estado, por exemplo, apenas 42,5% são tratados, segundo levantamento mais recente do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que aponta ainda que 15% dos municípios nem mesmo têm sistema de drenagem.
Também neste escopo, 74.545 famílias capixabas estão em situação de déficit habitacional, de acordo com o estudo Habitação de Interesse Social, desenvolvido pelo grupo de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do Espírito Santo.
Não obstante, 104.357 lares estão em situação inadequada à moradia e 68.512 domicílios em situação de risco, sem contar as 306.439 moradias inseridas em 698 ocupações irregulares de terrenos alheios. Assim, além de se pensar em prédios conectados, há de se pensar em formas de reverter esse desequilíbrio.
“Os desafios são conversar sobre o assunto. Quando se fala em um território inteligente, ainda tem muita gente que associa ao desenho dos Jetsons. Existe essa visão de que é uma coisa muito distante da realidade. E não é. O desafio é mostrar a importância das cidades inteligentes, realizar ações para viabilizar o início da implantação desse projeto, para que haja melhor gestão de recursos, e, principalmente, melhor qualidade de vida”, frisou Gomyde.
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.