Nas montanhas do Espírito Santo, com as suas belezas naturais e uma agricultura de alta qualidade, está a microrregião Sudoeste Serrana. Composta pelos municípios de Conceição do Castelo, Domingos Martins, Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante, Brejetuba, Afonso Cláudio e Laranja da Terra, a localização dessa microrregião reflete as atividades produtivas; a agricultura, em particular a cafeicultura; a fruticultura; a horticultura, associadas às atividades do agroturismo.
“Aqui, nós temos a característica do agro ser formado por pequenas propriedades, e com mão de obra familiar, diferentemente de outras microrregiões’’, aponta o diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira. Diante da incapacidade de concorrer com os grandes produtores do Estado, os agricultores da região geram renda apostando na transformação de alimentos em comidinhas saborosas e típicas.
“O produtor busca se diferenciar e agregar valor ao seu produto. Para atender ao mercado, os agricultores apostam nas produções de geleias, linhas gourmets, uma qualidade diferenciada, que gera um bom retorno financeiro”, reflete ele.
Cortada pela BR 262, uma das principais portas rodoviárias do Estado, a região tem grande vantagem, situação que vai melhorar ainda mais com a duplicação da estrada federal. A rodovia tem papel fundamental no escoamento da produção. Boa parte do café exportado pelo Estado e pela região chega aos portos capixabas por meio da 262. O mesmo acontece com hortifrutis, que suprem parte dos supermercados do Estado.
Essa é também uma importante rota usada por turistas vindos de várias regiões do país, e de dentro do próprio Estado. Para o turismo, outro fator importante é a influência da imigração europeia, com destaque, além de uma agricultura familiar característica, para as festas tradicionais e uma culinária típica muito atrativa. Apesar de não ser tão forte quanto a de outras microrregiões, a agricultura é mais diversificada e usada também para atrair visitantes para os municípios.
“Nesse contexto, Venda Nova do Imigrante e Domingos Martins, que são municípios polos nessa região, destacam-se para o agroturismo. Ambos com uma estrutura muito adequada para receber os visitantes. Há boas redes hoteleiras e de restaurantes, além de atrativos a mais como os parques da região”, afirma.
Venda Nova do Imigrante tem o título de Capital Nacional do Agroturismo. Segundo a secretária de Finanças municipais e representante do Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Microrregião, Maria Casagrande, os produtores estão investindo cada vez mais nessa modalidade de turismo rural, que associa a vivência do cotidiano agrícola ao lazer, à visitação dos turistas e a valorização do meio ambiente.
Maria Casagrande
Secretaria de Finanças de Venda Nova do Imigrante
"As famílias, que recebem em sua propriedade os turistas, têm feito investimentos de melhoria na infraestrutura. Estamos agora presenciando uma retomada desse setor que, devido ao isolamento social, sofreu diversas limitações"
Lira aponta que a Sudoeste Serrana não tem uma economia tão representativa, frente ao Estado, já que corresponde apenas a 2,45% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Mas a forma de trabalhar a união entre agricultura e agroturismo garante uma economia equilibrada e competitiva dentro da própria microrregião.
“É um desenvolvimento dentro do âmbito familiar. A economia gira em torno dos negócios das próprias famílias, seja nas propriedades rurais, seja para os pequenos empreendedores do setor de serviços. Isso gera maior competitividade no mercado, além de oportunidades de emprego e distribuição de renda no campo”, enfatiza.
DESAFIOS
Com predomínio maior da população residindo em área rural, o desafio para a gestão pública é levar serviços como saneamento básico e educação para esses municípios. A própria característica dessa região torna difícil levar essa infraestrutura para além das sedes dos municípios, nos distritos e regiões rurais”, afirma o diretor do IJSN.
A secretária municipal explica também que a crise sanitária atrasou os planejamentos que as cidades da região vinham fazendo para melhorar esses aspectos. “Devido à pandemia, instabilidade econômica e altos preços, os gestores municipais, estão com desafios em relação ao andamento das obras. Muitas delas estão paradas devido ao não prosseguimento das empreiteiras em razão das altas dos preços”, relata.
Mas, se por um lado, há essa dificuldade da gestão pública de chegar até essa população com os serviços, do outro há inegável qualidade de vida no interior. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), que mensura o desenvolvimento com base na longevidade da população, escolaridade e renda, apresenta valor acima da média estadual, com um desenvolvimento humano entre alto e médio. Todos os municípios também estão bem avaliados no Índice Firjan de Saúde, com valores variando entre 0,805 e 0,974, o que significa dizer que apresentam um alto desenvolvimento na área.
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“Os moradores não têm aquele ritmo acelerado dos grandes centros urbanos, além de conviverem diariamente com menos poluição, uma alimentação com alto potencial nutricional. Tudo isso, eleva muito a qualidade de vida da região. Temos uma expectativa de vida alta, e índices positivos da Saúde”, afirma Pablo Lira.
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