O ano de 2021 continuou desafiador para a economia mundial com o prolongamento da pandemia da Covid-19 e com a disparada de outras crises no mercado internacional, como a bolha imobiliária na China, que derrubou o preço do minério. Mas, no Brasil, o cenário político interno é que tem sido o principal responsável por assustar o investidor e impedir o voo alto de atividades produtivas importantes na geração de riquezas e de empregos.
A redução do número de mortes por conta do novo coronavírus e o avanço da vacinação deram esperança de que a situação poderia ser bem diferente da vivenciada em 2020. A reviravolta na gestão fiscal do país, no entanto, tirou o otimismo de quem acreditava que agora a economia brasileira iria decolar.
O Ministério da Economia manteve a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2,5% para 2022. Mas, com inflação crescente, câmbio depreciado, piora do cenário externo e juros em alta, os especialistas reduziram as expectativas para um avanço de 1,2%. E não descartam ainda uma nova recessão em ano eleitoral.
Num recorte regional, o Espírito Santo tem conseguido se desviar das barreiras colocadas no caminho do crescimento. De acordo com os dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o PIB capixaba registrou alta acima da média nacional, de 7,9% no acumulado de 2021 até o primeiro semestre - impulsionada, principalmente, pelos segmentos do comércio varejista, indústria e serviços - e deve fechar o ano com avanço de 5%.
Para 2022, seguindo a tendência de crescimento acima da média nacional registrada pelo Estado, a projeção do mercado, tendo como base as condicionantes econômicas locais e nacionais, prevê uma taxa de 2% aumento no PIB.
Embora impactado positiva ou negativamente pelos acontecimentos políticos e econômicos do país, o Espírito Santo apresenta especificidades fiscais, logísticas e estruturais que permitem se destacar e crescer, apesar das turbulências. Uma dessas vantagens é a vocação capixaba para o comércio exterior.
Dados da Federação das Indústrias do Estado (Findes) confirmam que os fluxos de comércio exterior capixaba do primeiro semestre de 2021 superaram os valores registrados em 2020. De janeiro a julho, as exportações alcançaram US$ 4,2 bilhões, alta de 64,0% em relação ao mesmo período de 2020. Em Aracruz, Norte capixaba, está localizado Portocel, maior porto de celulose do mundo, setor que está aquecido com o aumento das vendas de produtos de higiene nos mercados interno e externo.
Além do fator exportação, o Espírito Santo manteve a Nota A da Secretaria do Tesouro Nacional, indicando que as contas públicas do Estado estão equilibradas e que consegue manter dinheiro em caixa para cumprir com suas obrigações financeiras.
O secretário estadual de Inovação e Desenvolvimento, Tyago Hoffmann, destaca que, por mais organizado que o Espírito Santo seja, é inevitável que a economia local absorva parte da crise brasileira. O Estado, no entanto, tem conseguido trilhar um caminho de desenvolvimento social e econômico, que o coloca em vantagem.
Tyago Hoffmann
Secretário estadual de Inovação e Desenvolvimento
"A economia capixaba cresce acima da média nacional por algumas razões. Primeiro, devido à nossa estabilidade política. Em contraponto ao cenário nacional, o Espírito Santo vive há anos uma harmonia dos agentes políticos. Essa estabilidade é fundamental para gerar segurança político-institucional e jurídica para os investidores. A segunda razão é que o Estado tem uma política clara de atração de investimentos, que envolve bom arcabouço de incentivos fiscais e trabalho de prospecção ativa de empresas"
Hoffmann acrescenta que, além das políticas públicas voltadas à qualificação profissional, da localização geográfica privilegiada e da eficiência logística, que são atrativos para a instalação de empresas, o Estado tem outra grande vantagem em relação ao resto do país: o Fundo Soberano, que pode utilizar recursos extras da exploração de petróleo para investir em negócios estratégicos para o desenvolvimento do Espírito Santo.
“Estamos finalizando a contratação da primeira empresa que vai aportar recursos nas empresas capixabas e nas empresas que queiram se instalar no Estado. O primeiro aporte será de R$ 250 milhões, mas ao longo do próximo ano, o fundo vai injetar mais de R$ 500 milhões na economia capixaba. Como o fundo é minoritário, o investimento privado precisa ser maior. Isso significa que vamos arrecadar mais de R$ 1 bilhão em investimentos privados que vão gerar uma grande quantidade de empregos para a população capixaba”, destaca o secretário.
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