A barragem de Fundão, em Mariana, de responsabilidade da Samarco, se rompeu no dia 5 de novembro de 2015, matando 19 pessoas e deixando um rastro de destruição ao longo da Bacia do Rio Doce, entre Minas Gerais e Espírito Santo, onde foram despejados 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro.
Anos mais tarde, no dia 25 de janeiro de 2019, a barragem de rejeitos de minério da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), administrada pela Vale, se rompeu, provocando a morte de 259 pessoas. O material atingiu a área administrativa da companhia, inclusive o refeitório e parte da comunidade de Vila Ferteco. Ao todo, vazaram 12 milhões de metros cúbicos de lama.
O rompimento das estruturas, em pouco tempo, acendeu um sinal de alerta para as duas mineradoras do Brasil. Além da morte de centenas de pessoas, as tragédias deixaram um rastro de destruição, forçando as companhias a adotar práticas mais sustentáveis e mais seguras ao ambiente e à vida humana e animal.
Em Vitória, por exemplo, o carvão usado no processo de pelotização da Vale pode ser substituído pelo biocombustível.
No caso da Samarco, a volta das atividades vai ocorrer após a implantação do sistema de filtragem, que possibilitará o empilhamento a seco de 80% dos resíduos a serem gerados no processo produtivo.
Segunda a empresa, os 20% restantes serão dispostos na Cava Alegria Sul, uma estrutura de formação natural rochosa e confinada que permite a contenção natural do rejeito de forma mais segura.
“Toda a água extraída com a filtragem será recirculada no processo produtivo tornando-o mais sustentável, apoiado em boas práticas de sustentabilidade”, diz a nota divulgada pela companhia.
A empresa obteve a Licença de Operação Corretiva (LOC), aprovada em outubro de 2019 pela Câmara de Atividades Minerárias (CMI), do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Com isso, a Samarco tem todas as licenças ambientais necessárias para reiniciar suas atividades operacionais.
Já a Vale vai investir US$ 2 bilhões para reduzir em 33% as emissões de poluentes absolutas diretas e indiretas (escopos 1 e 2) até 2030. De acordo com a mineradora, as emissões diretas são provenientes de operações próprias, enquanto que as indiretas, de origem externa usadas no processo produtivo, como o consumo de energia elétrica.
A meta da mineradora está alinhada com o Acordo de Paris, que estabeleceu, até 2100, um limite máximo de aumento da temperatura média global de 2ºC.
Segundo a empresa, o valor do investimento é o maior já comprometido pela indústria da mineração para o combate às mudanças climáticas.
Com a medida, a expectativa da companhia é se transformar em uma empresa com emissão líquida zero nos escopos 1 e 2 em 2050, liderando o setor para uma mineração carbono neutra. O anúncio do investimento foi feito em maio de 2020 pelo diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, durante encontro anual com analistas do Bank of America Merrill Lynch.
Em dezembro de 2019, executivos da empresa já haviam divulgado a intenção da Vale de reduzir suas emissões de CO2.
Na ocasião, o presidente da Vale afirmou que a medida está alinhada com uma demanda real da sociedade relacionada à mudança climática por uma redução robusta nos poluntes. “Estamos dando mais um passo na construção de um novo pacto com a sociedade, com transparência e responsabilidade”, afirma Bartolomeo.
A companhia destaca ainda que existem projetos de uso de biodiesel na área de metais básicos, eficiência energética, eletrificação de mina e ferrovia, uso de biocombustíveis na pelotização em substituição ao carvão e de energia renovável. Uma das metas da empresa é ter 100% da sua autoprodução de energia elétrica vinda de fontes limpas, como eólica e solar, em suas plantas no mundo.
Outras inovações estão previstas: a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) vai receber a primeira locomotiva de manobra 100% elétrica; equipamentos elétricos serão testados em operação subterrânea nas minas de Creighton, Coleman e Copper Cliff, no Canadá; e serão feitos testes de uso de biocombustíveis na pelotização em Vitória, o que deve reduzir a emissão de poluentes.
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