O ensino médio vai mudar e, entre as novidades, está a flexibilização do currículo, por meio dos itinerários formativos. Na prática, eles representam um conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que os estudantes poderão escolher qual cursar.
Além de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Sociais e Humanas, o modelo trará, ainda, a formação técnica e profissional dentro da carga horária do ensino regular como a quinta possibilidade de itinerário formativo. Dessa forma, escolas regulares, que no passado ofereciam apenas o ensino médio tradicional, vão poder ofertar alguns cursos técnicos integrados.
As mudanças, segundo o calendário do Ministério da Educação (MEC), já valem a partir de 2022 e acontecem de forma progressiva, começando com o 1º ano do ensino médio. Em 2023, será englobado o 2º ano e, em 2024, completa-se o ciclo de implementação nos três anos dessa etapa da vida acadêmica.
Para o coordenador de políticas educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo, as mudanças podem ser positivas para o mercado e para os alunos, desde que sejam feitas de forma gradual e seguindo as regras já estabelecidas. O cuidado, segundo ele, é para evitar que haja uma maior discrepância na qualidade do ensino em diferentes regiões do país e até mesmo entre escolas do mesmo estado.
Gontijo explica ainda que a possibilidade de estudar por áreas amplia a interdisciplinaridade e torna o ensino mais prazeroso. Além disso, permite ampliar a possibilidade de aprender por meio de projetos, estágios e vivências mais próximas do jovem do século XXI, que tende a rejeitar o modelo tradicional em vigor atualmente.
“No Brasil, o cenário é de taxas de matrícula na educação profissional muito baixas ainda. O último dado, de 2019, é de que apenas 12,4% de jovens cursam a educação profissional. É um índice muito baixo quando comparado com outros países. A situação se agrava quando temos um ensino médio que prepara pouco os jovens para o mercado de trabalho e em muitos pontos mostra-se desinteressante para o jovem, que não vê estimulado a prosseguir nos estudos", avalia.
No Espírito Santo, o Sesi e o Senai são pioneiros na implementação do Novo Ensino Médio, já que vêm criando polos de educação integradas e realizando parcerias entre redes de educação profissional e de educação básica. Além disso, segundo a analista de educação profissional da Gerência de Educação Profissional do Senai/ES, Patrícia Silva, as instituições investem na ampliação da aprendizagem profissional para alunos do ensino médio desde 2018.
"Iniciamos em 2018 com o Projeto Piloto, em parceria com o Sesi no Centro Integrado Sesi Senai Civit, no município da Serra, onde o Senai atua diretamente no Itinerário V - Técnico e Profissionalizante com o curso de Eletrotécnica, desde o 1ª ano do ensino médio. A primeira turma, formada por 57 alunos, concluiu os estudos no ano passado. Em 2020, expandimos o novo ensino médio para toda a nossa rede de ensino Sesi Senai no Espírito Santo, que teve sua aprovação pelo Conselho Estadual de Educação no início de dezembro de 2019”, comemora Patrícia.
Optar por uma formação técnica no ensino médio não significa que o aluno tenha chances reduzidas de ingressar em uma faculdade, o que é o receio de muitos. Pelo contrário, é uma valiosa porta de entrada para a formação continuada, como aponta Paulo Vitor Bruno Onezorge, diretor executivo da faculdade UCL, que oferece cursos na modalidade tecnólogo superior. Outro aspecto relevante dos cursos técnicos integrados ao ensino médio, ele acrescenta, é mostrar aos alunos um tipo de ensino mais prático e voltado para o mercado.
“O ensino médio aliado ao técnico já existe há muito tempo, desde o tempo do curso de Magistério, e também com as escolas técnicas federais e estaduais. O que muda agora é a ampliação da oferta. Com certeza o técnico integrado vai ser mais acessível, já que poderá ser feito em escolas regulares que antes não ofereciam a opção. Uma vantagem relevante é ter uma mão de obra pronta para o mercado ao mesmo tempo que possibilita ao aluno ter opções. Caso ele queria vai poder, por exemplo, seguir estudando em um tecnólogo ou em um curso de licenciatura, bacharelado”, ressalta Paulo Victor.
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