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Da economia ao social: a importância do cooperativismo no cultivo do café no ES

Da economia ao social: a importância do cooperativismo no cultivo do café no ES

Cooperativas, como a Cooabriel, tiveram papel de destaque no salto de produção dos cafeicultores capixabas e seguem impactando no fomento da cultura do café em todas as regiões capixabas

Publicado em 3 de setembro de 2023 às 00:15

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Aroma Capixaba
Caminhões carregados com café no armazém da Cooabriel em São Gabriel da Palha, no final da década de 70. (Cooabriel/Divulgação)

Não é necessário uma busca muito aprofundada no dicionário para compreender o significado do termo cooperativismo. Fora dos livros e dicionários, é ainda mais fácil perceber como o modelo econômico-social colabora com o crescimento de pequenos produtos, o que surte efeito na sociedade.

Quando o assunto é café, um produto que já ganhou a mesa e o coração dos capixabas, no Espírito Santo, existem cinco cooperativas que auxiliam os produtores do cultivo até a venda. Cooperativismo é a união de pessoas para um mesmo fim. Nesse caso, para o cultivo do café.

Da economia ao social: a importância do cooperativismo no ES

Ao todo, são 119 cooperativas registradas no Sistema OCB/ES, responsável por representar e dar suporte aos cooperados. A última edição do Anuário do Cooperativismo Capixaba aponta que foram exportadas quase 75 mil sacas de café das cooperativas em 2021.

Na avaliação do gerente corporativo de comercialização e mercado da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), Edimilson Calegari, a cooperativa serve como uma casa para o cafeicultor e oferece apoio em todas as fases, desde o plantio até o comércio do café.

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A cooperativa dá todas as condições para que o produtor tenha sucesso no cultivo do café. Nosso apoio começa antes da plantação, quando analisamos a qualidade do solo, por exemplo. Fornecemos mudas de boa qualidade e até assistência técnica, acompanhando o plantio. Estamos presentes também após a colheita, com a segurança de armazenamento. A cooperativa ajuda o produtor em todas as etapas

Edimilson Calegari
Gerente corporativo de comercialização e mercado da Cooabriel
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Calegari, que está no quadro da cooperativa há 40 anos, valoriza o trabalho com o auxílio da tecnologia e as mudanças incorporadas desde o século XX, mas ressalta o contato entre cooperativa e cooperado. No entendimento do gerente, o caminho trilhado por um cafeicultor torna-se mais fácil com a presença de uma cooperativa.

“Fazemos um trabalho de campo nas propriedades, orientamos que o produtor siga determinado caminho, que tende a ser o melhor", completa.

O produto, que quase sempre sai do interior do Espírito Santo, ganha o mundo e se espalha pelo mapa. Em 2021, o grão cultivado por cooperativas do Estado chegou a países como Estados Unidos, Bélgica, Rússia e Itália.

O Espírito Santo é pioneiro no cultivo de café conilon, sendo o principal produtor do Brasil. Há quantidade e, principalmente, qualidade. As cooperativas capixabas produziram um total de 1,7 milhão de sacas de café em 2021. Os números mais atualizados mostram ainda que houve aumento em relação ao ano anterior.

Cooabriel abriu caminho para outras cooperativas

Entre as organizações voltadas ao café, especialmente na lida do conilon, a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), sediada na cidade de mesmo nome, tem papel crucial no desenvolvimento do setor. Foi em setembro de 1963 que a cooperativa começou a trilhar a longa e rica história.

O pioneirismo de décadas passadas pavimentou uma rota para produtores e o surgimento de outras cooperativas no Estado, atesta o diretor-executivo do sistema OCB/ES, Carlos André Oliveira.

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A Cooabriel foi pioneira no cultivo do café no Espírito Santo, por meio do lendário produtor Dário Martinelli, que é considerado o 'pai do conilon'. A Cooabriel abriu espaço para as outras cooperativas

Carlos André Oliveira
Diretor-executivo do sistema OCB/ES
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Dário Martinelli foi prefeito, vereador e deputado estadual. Por conta da trajetória e pioneirismo no cultivo do café em São Gabriel da Palha, é considerado o "pai do Conilon" no Espírito Santo. Ele morreu aos 82 anos, em 2015.

Em 60 anos de história, a organização colaborou para o desenvolvimento do município e também da região, permitiu que famílias produtoras de café tivessem lucro e conseguissem melhores condições de vida.

A percepção de importância da Cooabriel é compartilhada também pelo secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Enio Bergoli.

Novo armazém de café da Cooabriel, em Águia Branca, Noroeste do ES
A Cooabriel é a maior cooperativa dedicada ao café conilon no Espírito Santo e em todo o país. (Cooabriel/Divulgação)

"A partir do que aconteceu em São Gabriel da Palha, começaram os cultivos comerciais de conilon. A Cooabriel começou a fomentar a plantação do café, o que gerou a expansão do conilon no Estado", lembra o secretário.

Cooperativas atuantes

Atualmente, seis em cada 10 sacas de café conilon produzidas em todo o Brasil são do Espírito Santo. O número considera todos os produtores do Espírito Santo, não apenas os cooperados. Os números, que já são considerados excelentes, devem ficar ainda maiores, a depender da expectativa e do trabalho dos cooperados capixabas.

No Espírito Santo, as cooperativas que atuam diretamente no segmento da cafeicultura são:

Juntas, as cinco cooperativas capixabas somam mais de 30 mil cooperados. Ou seja, produtores rurais que acessam os serviços e benefícios oferecidos pelas organizações. Essas cooperativas ainda geram cerca de 1,6 mil empregos diretos. São postos de trabalho que constituem o quadro de colaboradores dos empreendimentos cooperativos.

Para o diretor-executivo do Sistema OCB/ES, Carlos André Oliveira, a expectativa é que o cooperativismo tenha cada vez mais participação no Produto Interno Bruto capixaba (PIB). O PIB representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região, durante um período determinado.

Os números mais atualizados são de 2021 e apontam que 5,2% do PIB do Espírito Santo tenham relação direta com o cooperativismo.

"Nossa expectativa é de que o PIB Capixaba tenha ainda mais participação do cooperativismo. Os números [de 2022] não estão consolidados, mas as primeiras parciais mostram que houve um crescimento", afirma.

O diretor-executivo do Sistema OCB/ES ressalta a importância do cooperativismo para o cultivo do café no Espírito Santo. Carlão da OCB, como é mais conhecido, explica que a cooperativa é responsável por facilitar processos e dar liberdade de venda.

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A cooperativa é de uma importância fundamental para o produtor rural, porque oferece assistência técnica para uso da tecnologia e aumento da produtividade. Permite melhores condições de pagamento e dá segurança ao armazenamento do café. Na venda do grão, a cooperativa também está presente. Em tese, a cooperativa é o colchão seguro do produtor rural. Ela gera trabalho e renda, além de dignidade

Carlos André Oliveira
Diretor-executivo do Sistema OCB/ES
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De Norte a Sul do Espírito Santo, o café garante emprego, renda e oportunidades para milhares de pessoas.

O café torrado, moído e coado passa por um longo caminho até chegar à mesa de uma cafeteria na Capital do Estado, por exemplo. Em alguns casos, o cooperativismo é que garante que o processo seja seguro e lucrativo.

Aroma Capixaba - pauta 3
Mapa da venda de café no Espírito Santo em 2021. (Anuário do Cooperativismo Capixaba)

Carlão lembra ainda que o funcionamento do cooperativismo na cafeicultura do Espírito Santo é semelhante ao que acontece em outros Estados com outros produtos. O diretor-executivo citou a produção de soja, leite e gengibre em outras partes do Brasil.

"Sem a cooperativa, ficaria muito mais difícil"

O poder e a importância de uma cooperativa são facilmente provados e explicados por quem está no dia a dia de uma lavoura de café. Jeremias Braga, cafeicultor de Vila Pontões, região de Afonso Cláudio, tem histórias de café para contar há anos. O produtor faz parte da quarta geração de uma família que põe a mão na massa e vê os pés de café crescerem.

Aroma Capixaba - pauta 3
A família do produtor rural Jeremias acompanha a secagem do café na estufa, em Afonso Cláudio. (Arquivo pessoal)

Ao lado da esposa, Sueli Schwanz de Souza, e de um filho de 15 anos que deve seguir os passos do pai, Jeremias lembra que muita coisa mudou desde que o seu bisavô começou a cultivar café. As sacas, por exemplo, eram levadas de Afonso Cláudio até Vitória por uma tropa de burros. Os animais eram o transporte do café naquela época.

O que ele garante não ter mudado é a importância da cooperativa para o produtor de café. "A cooperativa está sempre do lado do cafeicultor. Os especialistas dão orientação sobre a muda que a gente deve usar e de sempre lembrar da realizar a análise da qualidade do solo. Dá uma segurança, principalmente financeira. Sem a cooperativa, ficaria muito mais difícil o cultivo", afirma.

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