Seis em cada 10 sacas de café conilon produzidas em todo o Brasil têm um remetente: o Espírito Santo. As contas e estimativas feitas anualmente pelo Governo do Estado dão aos cafeicultores capixabas os títulos de pioneiros e líderes do mercado nacional. Mesmo com uma queda na produção de café prevista para 2023, causada pelas mudanças climáticas, o Estado continua como o maior produtor de conilon do Brasil, acumulando 67,9% de todas as sacas da variedade.
O grão, que tem espaço consolidado nas mesas e corações dos capixabas, é um produto importante na economia brasileira e, principalmente, do Espírito Santo. O Estado é referência no conilon e ampla produção do café impacta de forma positiva na economia capixaba: 42,7% do valor bruto em dinheiro de toda a produção agropecuária é resultado do cultivo do café.
Devido à diversidade de regiões onde a cultura do café é incentivada no país, com uma ampla variedade de climas, relevos e altitudes, a produção brasileira abrange uma vasta gama de grãos. A diversidade possibilita, por exemplo, atender às distintas demandas de paladar e orçamento, tanto dos consumidores brasileiros quanto dos estrangeiros. A variedade também permite o desenvolvimento de inúmeros blends - nome dado às misturas de diferentes cafés.
De acordo com o governo federal, o Brasil é o maior produtor e exportador de café e segundo maior consumidor da bebida no mundo. O grão é o 5º produto na pauta de exportação brasileira.
O presidente do Sindicato da Indústria do Café do Estado do Espírito Santo (Sincafé), Egídio Malanquini, afirma que não é possível contar a história do Espírito Santo sem incluir a trajetória e a importância do cultivo do café na economia e na sociedade.
De acordo com o presidente do sindicato, a quantidade e a qualidade da produção são refletidas no consumo entre os capixabas. Entre os brasileiros, em média, o consumo per capita de café torrado em todo o ano de 2022 foi de 4,8 quilos. Já entre os moradores do Espírito Santo, o consumo no mesmo período foi de 5,2 quilos. Isso significa que os capixabas tomam mais café do que os brasileiros em geral.
A produção de café é significativa para a economia do Estado e encontrada em quase todas as cidades do Espírito Santo. Ao todo, durante o ano passado, foram produzidas mais de 12,4 milhões de sacas do café conilon. Em média, são produzidas cerca de 47 sacas de café por hectare - o equivalente a 10.000 m².
Em 2022, a área de produção foi superior a 259 mil hectares. É como se toda a produção de conilon, de Norte a Sul do Estado, ocupasse a mesma área que 259.174 campos de futebol.
Comparando a região ocupada por pés de café em todo o Estado com parques e um bairro de Vitória, é possível compreender o tamanho da importância do grão para o Espírito Santo:
Na avaliação do secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Enio Bergoli, o Espírito Santo é o mais completo em termos de cafeicultura.
Enio Bergoli chama atenção para a adesão ao cultivo do café no Espírito Santo. Segundo dados oficiais do governo estadual, 70% das propriedades rurais do Espírito Santo cultivam alguma espécie de café. São 49 mil propriedades onde são plantados pés de café conilon.
De acordo com números do governo do Espírito Santo, a previsão é que o Estado aumente a área de plantação do café conilon em 1% em 2023, passando para 261.921 hectares. Em 2022, a área de plantação foi de 259.174 hectares.
A quantidade de sacas a serem produzidas neste ano, porém, deve ter queda de 14%, saindo de 12,4 milhões para 10,5 milhões. A produtividade de sacas por hectare também deve sofrer com uma diminuição, segundo números levantados pela Gerência de Dados e Análises da Seag.
A previsão de queda no número de sacas produzidas é causada, sobretudo, pelas mudanças climáticas. As alterações provocam longos períodos de estiagem, ou seja, falta de chuva, além de incidência de baixas temperaturas. Mesmo com as variações negativas, o Espírito Santo mantém-se como maior produtor nacional.
Além de ser uma fonte de receita importante, o café é essencial na criação de postos de trabalho. A cada ano aumentam os investimentos em certificações, que promovem a preservação ambiental, melhores condições de vida para os trabalhadores, melhor aproveitamento das terras, além de técnicas gerenciais mais eficientes das propriedades, com uso racional de recursos.
Enio Bergoli faz questão de lembrar que o Espírito Santo lidera a produção e a exportação dos cafés. Segundo o secretário, a depender da época do ano, influenciado pela estação climática e o ritmo da colheita, a produção do café chega a gerar 350 mil empregos diretos e indiretos.
"O Brasil é o maior produtor e exportador de café desde sempre. E o 2º maior consumidor de café, muito próximo dos Estados Unidos. O processamento, a logística, a distribuição e as cafeterias, por exemplo, geram mais empregos", explica.
Segundo o chefe da pasta que administra e monitora dados relativos ao café no Espírito Santo, são cerca de 200 mil empregos relacionados a pessoas que estão ocupadas com o grão dentro de uma propriedade e de forma fixa. O número aumenta em meses de colheita. Considerando as formas de produção após a colheita, como o trabalho no transporte do café ou até mesmo das cafeterias, o número pode chegar a 350 mil pessoas envolvidas.
O total de pessoas envolvidas na produção do café é maior, por exemplo, que a população de Vitória, capital do Espírito Santo. Conforme publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022, a população do município é de 322.869 pessoas.
Cultivado há mais de um século no Espírito Santo, o café sempre teve importância na economia, seja no cenário da agricultura familiar, seja da grande indústria de exportação. Atualmente, as novas tecnologias permitem que o grão seja consumido de formas diferentes. O "expresso curto" é apenas uma das opções do café, que apresenta cada vez mais versatilidade.
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