A última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), no dia 19 de junho, decidiu pela manutenção da taxa básica de juros no Brasil, mantendo-a na faixa de 10,5% ao ano. Essa sinalização de mudança de cenário, percebida de forma unânime pelos nove membros do comitê, trouxe algumas preocupações para os investidores no Brasil.
No começo de 2024, havia certa convicção de que teríamos quedas nas taxas de juros nos EUA ainda esse ano. Contudo, o mercado de trabalho muito forte na economia americana vem causando pressão no índice de inflação do país e atrasando esse processo. Já o Brasil, em um cenário global mais desafiador, trouxe à tona problemas antigos, como gasto fiscal e inflação de difícil controle. O país, que no começo do ano era visto como a principal escolha no rol dos emergentes, agora possui problemas percebidos com unanimidade por todos os membros da principal autoridade monetária brasileira, algo diferente do ocorrido poucos meses atrás em votação acirrada de 5 a 4.
A ata da reunião, divulgada no dia 25 de junho pelo Comitê, trouxe alguns fatores que auxiliaram essa decisão: ambiente externo mais adverso, dado que ainda não foi possível observar queda acentuada da inflação nos EUA e, consequentemente, redução da taxa de juros na economia americana; bancos centrais das principais economias permanecem com taxas de juros ainda elevadas e cenário no Brasil ainda indica aumento de preços para o consumidor para 2024 e 2025, deixando esse processo desinflacionário mais lento do que o esperado anteriormente.
Já no campo dos investimentos, o mercado de ações e renda variável vem ajustando as expectativas de preços, uma vez que investidores estrangeiros estão se desfazendo de aplicações em empresas brasileiras e, por esse motivo, o Ibovespa, principal índice de ações no Brasil, continua negativo no ano de 2024. Com a renda fixa na casa dos 10,5% ao ano, investidores procuram aguardar uma melhora de cenário de forma mais conservadora.
Diante desse cenário que se desenha mais incerto no Brasil e no mundo, é importante que o investidor tenha clareza dos seus objetivos e consiga buscar diferentes formas de expor o seu patrimônio financeiro. Com a taxa de juros ainda nos dois dígitos, é possível encontrar boas oportunidades em ativos que corrigem a inflação e que, em um cenário de incerteza, asseguram a correção do poder de compra do investidor.
De forma geral, os investimentos em renda fixa pré-fixados e os que basicamente seguem a Selic se mostram atrativos. Investimentos em ações e mais voláteis, para quem tem perfil arrojado e não possui necessidade de utilizar o recurso no curto e médio prazo, devem ser bem analisados. Muitos investidores iniciantes na bolsa brasileira vem se desfazendo de boas empresas a preços muito baixos, abrindo oportunidades para os mais pacientes.
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