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É escritor, diretor no IHGES e subsecretário de Cultura de Vila Velha

2023 será mais um ano desafiador para a cultura capixaba

Foram significativas vitórias com os inéditos Editais de Coinvestimento Fundo a Fundo, entre o governo estadual (Secult) e os municípios,  que permitiu a consolidação do sistema de políticas públicas na Cultura. Mas desafios continuam

  • Manoel Goes É escritor, diretor no IHGES e subsecretário de Cultura de Vila Velha
Publicado em 04/01/2023 às 15h59

Mais que desafiador, o ano de 2022 começou sob grandes dúvidas e desconfianças, e mesmo assim tivemos aqui, no Espírito Santo, na contramão de tudo o que aconteceu, com o desmonte e a falta absoluta de recursos federais para a fragilizada Cultura nacional, significativas vitórias com os inéditos Editais de Coinvestimento Fundo a Fundo, entre o governo estadual (Secult) e os municípios.

Isso permitiu a consolidação do sistema de políticas públicas na Cultura. Antes nós não tínhamos uma lei de Incentivo ao setor e agora temos R$ 16 milhões a mais para contemplar a área cultural. Por isso, foram estimulados os municípios a criarem os seus conselhos e fundos da cultura para que seja potencializado todo esse investimento. Importante registrar que o município de Vila Velha vai distribuir em editais Fundo a Fundo 980 mil, o maior valor do ES.

Com esses editais contamos com um aumento significativo dos investimentos estadual e municipal na cultura nos últimos anos, em uma demonstração do empenho em desenvolver e cuidar da cultura capixaba, diante de um novo ciclo e a consolidação das políticas públicas prioritárias, o que renova e fortalece as expectativas positivas para o ano de 2023; afinal uma comunidade que se enxerga através do conhecimento fica menos vulnerável ao senso comum e a imposições de regimes totalitários. A riqueza da nossa cultura alimenta a nossa alma e fortalece a nossa identidade como nação, reflete a força, a grandeza e a beleza do povo brasileiro.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes
A ministra da Cultura, Margareth Menezes. Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

Primeiras a serem interrompidas durante a pandemia, as atividades culturais passaram o ano de 2021 sob instabilidade no país – sendo os últimos segmentos a vivenciarem a reabertura, que aconteceu em 2022, com visitações restritas e o natural receio de parte do público em frequentar espaços fechados.

Mais de 900 mil trabalhadores da cultura foram afetados pelo cenário de pandemia em 2020 e, mesmo com a gradativa reabertura dos eventos em fins de 2021, tivemos a recuperação dos postos de trabalho de maneira lenta. Vivemos num país rico em diversidade cultural e de dimensões continentais.

É preciso que haja uma política à altura para fazer jus a todo esse potencial. A cultura sobreviveu a uma pandemia dupla – sanitária e financeira. A Lei Aldir Blanc 1 foi muito importante para ajudar o setor a sobreviver, mas como política pontual não foi suficiente para garantir a continuidade das ações.

A liberação dos recursos para repasses anuais, para estados e municípios, de R$ 3 bilhões da Lei Aldir Blanc 2, e de R$ 3,8 bilhões da Lei Paulo Gustavo, vão representar para a classe artística um alívio. Um importante marco para o campo cultural voltar a impulsionar a economia brasileira, afinal cultura também é empreendedorismo.

O esforço em 2023 será o de transformar o rico acervo produzido pelos projetos contemplados pelos editais em recursos didáticos nas escolas, fortalecer mecanismos de distribuição das obras resultantes, desburocratizar, criar indicadores e, com eles, mensurar os impactos sociais e econômicos do setor produtivo da cultura no Espirito Santo, agora mais unido que nunca, pronto para os novos desafios de 2023.

É importante o retorno do Ministério da Cultura, tendo à frente a cantora baiana Margareth Menezes, de 60 anos, a primeira ministra confirmada do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.  A cantora afirmou que não será uma tarefa fácil e pediu o apoio e a força de artistas, mobilizadores, realizadores e agentes culturais do Brasil para reestabelecer a área. “A riqueza da nossa cultura alimenta a nossa alma e fortalece a nossa identidade como nação. A cultura reflete a força, a grandeza e a beleza do povo brasileiro. Vamos precisar de todo mundo!”, afirmou.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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