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É biólogo, mestre em Gestão Ambiental, comentarista de Meio Ambiente e Sustentabilidade da rádio CBN Vitória

2024 é o ano mais quente da história? Um alerta para a humanidade

O aumento da temperatura global é resultado direto da ação humana e de fenômenos naturais que amplificam os desequilíbrios climáticos

  • Marco Bravo É biólogo, mestre em Gestão Ambiental, comentarista de Meio Ambiente e Sustentabilidade da rádio CBN Vitória
Publicado em 06/01/2025 às 16h07

Você já sentiu que os dias estão cada vez mais quentes e os desastres naturais mais frequentes? Não é apenas impressão. Segundo o Copernicus Climate Change Service, é "virtualmente certo" que 2024 será o ano mais quente já registrado. Pela primeira vez, a temperatura global deve ultrapassar a marca crítica de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais – um limite estabelecido pelo Acordo de Paris para evitar os piores impactos das mudanças climáticas.

Além disso, o climatologista Carlos Nobre, em entrevistas recentes, reforçou que 2024 representa um marco alarmante, com a intensificação de eventos extremos como secas, incêndios florestais e ondas de calor. Mas o que está causando essa crise? Quais são as consequências para nossas vidas? E, mais importante: o que ainda podemos fazer?

Causas: Como chegamos aqui?

O aumento da temperatura global é resultado direto da ação humana e de fenômenos naturais que amplificam os desequilíbrios climáticos. Entre os principais fatores estão:

  1. Emissões de gases de efeito estufa (GEE): A queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) para transporte, energia e indústria é a principal responsável pela liberação de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera.
  2. Desmatamento: Florestas, como a Amazônia, absorvem grandes quantidades de CO₂. Sua destruição não só libera esse carbono armazenado, mas também reduz a capacidade do planeta de equilibrar os gases de efeito estufa.
  3. Agricultura intensiva: Atividades agropecuárias, especialmente a criação de gado e o cultivo de arroz, liberam metano (CH₄), um gás mais potente que o CO₂.
  4. Crescimento urbano desordenado: O avanço das cidades, sem planejamento sustentável, intensifica as ilhas de calor, aumenta a demanda por energia e diminui as áreas verdes.

Consequências: O que está em jogo?

O aumento da temperatura global acima de 1,5°C traz consequências diretas e devastadoras para o planeta e suas populações:

  1. Eventos climáticos extremos: Tempestades mais intensas, ondas de calor, secas prolongadas e inundações se tornarão mais frequentes e destrutivas.
  2. Crise hídrica e alimentar: A escassez de água e as mudanças nos padrões de chuva comprometem a agricultura e a segurança alimentar.
  3. Elevação do nível do mar: O derretimento das calotas polares pode inundar áreas costeiras, desalojando milhões de pessoas.
  4. Perda de biodiversidade: Ecossistemas inteiros, como recifes de corais e florestas tropicais, estão em risco de extinção.
  5. Impactos na saúde: Calor extremo aumenta os casos de doenças cardiovasculares e respiratórias, além de facilitar a disseminação de doenças tropicais como dengue e malária.

O que dizem os especialistas?

Em entrevistas recentes, Carlos Nobre destacou que 2024 é um marco preocupante. Ele explicou que os últimos 15 meses já registraram temperaturas 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, algo que não ocorria há pelo menos 120 mil anos. Segundo ele, a América do Sul está se tornando mais seca e vulnerável a incêndios florestais, enquanto ondas de calor e chuvas excessivas se intensificam globalmente.

Nobre ressaltou a necessidade urgente de ações coordenadas para reduzir as emissões e mitigar os impactos climáticos, reforçando que "estamos em uma encruzilhada decisiva para o futuro da humanidade".

Soluções: Como podemos agir?

Embora o cenário seja desafiador, ainda há esperança – mas ela depende de ações rápidas e efetivas em todos os níveis.

Governos e políticas públicas

  1. Transição energética: Investir em fontes renováveis, como solar e eólica, e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
  2. Proteção ambiental: Reflorestar áreas degradadas e combater o desmatamento.
  3. Infraestrutura resiliente: Planejar cidades para lidar com os impactos climáticos, como sistemas de drenagem, áreas verdes e manejo de recursos hídricos.

Empresas

  1. Tecnologias limpas: Adotar práticas de produção sustentável e reduzir emissões.
  2. Economia circular: Minimizar desperdícios e otimizar o uso de recursos naturais.
  3. Transparência climática: Monitorar e reportar emissões, adotando metas de redução claras.

Indivíduos

  1. Consumo consciente: Reduzir o consumo de carne, evitar o desperdício de alimentos e optar por produtos locais e sustentáveis.
  2. Economia de energia: Usar aparelhos eficientes, reduzir o uso de ar-condicionado e investir em energia renovável.
  3. Educação e engajamento: Participar de movimentos climáticos e pressionar líderes por ações mais ambiciosas.
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Calor. Crédito: Freepik

Uma oportunidade para o Brasil

Apesar do cenário desafiador, o Brasil possui uma posição única para transformar a crise climática em uma oportunidade histórica. Com sua vasta biodiversidade e potencial para energia limpa, o país pode liderar a transição global para uma economia sustentável.

1. Combustíveis limpos

O Brasil já é líder em etanol, um biocombustível que emite menos gases de efeito estufa do que a gasolina. Agora, o país pode expandir seu papel com:

  • Hidrogênio verde: Produzido a partir de fontes renováveis, como energia eólica e fotovoltaica.
  • Biomassa: Uso de resíduos agrícolas e florestais para gerar energia de baixo impacto ambiental.

2. Energias renováveis

  • Energia solar e eólica: O Brasil tem um dos maiores potenciais do mundo para energia solar e parques eólicos, tanto em terra quanto offshore.
  • Energia fotovoltaica: Expansão do uso residencial e industrial, reduzindo a dependência de fontes poluentes.

3. Restauração ambiental

A recuperação de áreas degradadas, especialmente na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, pode transformar o Brasil em um player mundial de captura de carbono, ao mesmo tempo que gera empregos e promove a biodiversidade.

4. Planejamento urbano sustentável

  • Expandir a infraestrutura verde em cidades, como parques, telhados verdes e sistemas de drenagem natural.
  • Implementar transporte público elétrico e eficiente.

Ação ou inação?

O alerta do Copernicus e as análises dos grandes especialistas deixam claro que 2024 é um divisor de águas para o futuro do planeta. As consequências já estão sendo sentidas, mas ainda há tempo para agir.

A questão é: o que você está disposto a fazer para mudar o curso dessa história? Compartilhe este artigo, discuta o tema com sua comunidade e adote práticas sustentáveis. O planeta precisa de cada um de nós – e 2024 pode ser o ano em que decidimos salvar o nosso futuro.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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