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É geriatra e superintendente de Medicina Preventiva da MedSênior

A arte do encontro: como valorizar os idosos nas festas de fim de ano

Em algumas pessoas mais velhas as emoções se manifestam com mais intensidade. Se há gratidão, vontade de receber um novo ciclo e esperança, pode haver também medo e insegurança em relação ao futuro

  • Roni Mukamal É geriatra e superintendente de Medicina Preventiva da MedSênior
Publicado em 21/12/2024 às 07h00

As festas de final de ano podem provocar um misto de sentimentos: alegria, tristeza, saudade, nostalgia, ansiedade e frustração ganham espaço em diferentes medidas, dependendo da pessoa, de suas experiências e da situação de saúde física e mental.

Em algumas pessoas mais velhas as emoções se manifestam com mais intensidade. Se há gratidão, vontade de receber um novo ciclo e esperança, pode haver também medo e insegurança em relação ao futuro, às condições de saúde e aos desafios trazidos pelo envelhecimento.

Por isso, nas famílias em que há idosos, é importante olhar com maior atenção as emoções e a saúde mental – que, inclusive, podem repercutir na saúde física. A dica é sempre agir com foco na prevenção, no cuidado e diálogo.

Alguns comportamentos podem contribuir para o bem-estar nesta época: fazer planos para o futuro, mesmo que de curto prazo, preservar hábitos que lhe tragam tranquilidade e alegria, manter-se ativo e em movimento, participar da organização das comemorações da forma que for possível, reconhecer sua importância dentro daquele núcleo familiar como um precursor, manter-se aberto às trocas e às experiências que os encontros proporcionam.

Para os familiares, o reconhecimento da importância daquele idoso é algo que faz toda a diferença. E aqui estamos falando de incluí-lo com o respeito que ele merece, fazendo dos festejos de final de ano uma oportunidade de crescimento familiar e intergeracional, que poderá fortalecer laços e beneficiar todos os envolvidos.

Ouvir o idoso, saber de sua expectativa para a data, convidá-lo a participar da forma que for mais adequada, sabendo também respeitar sua vontade e permitindo que ele descanse, caso necessário, são outros cuidados que podem fazer sentido.

Porque, no fundo, falar de festas de final de ano é falar de encontros, de relacionamentos e de tradições. E relacionar-se e manter-se socialmente ativo é um pilar importante para o bem envelhecer.

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Natal em família. Crédito: Divulgação

Evidências científicas deixam claro que não importa tanto o tipo de vínculo, mas a qualidade desse vínculo. E o período de festas é oportuno para se aproximar de uma pessoa idosa da qual não conseguimos estar perto durante o ano. Todos os vínculos são importantes e se fizerem sentido devem ser valorizados. O que conta, de verdade, é se relacionar bem. E, mesmo que tenhamos que discordar de Tom Jobim, não se trata de dizer que é impossível ser feliz sozinho. É sobre, como pessoa, adotar uma postura aberta e receptiva à importância do componente social e relacional em prol do nosso próprio bem-estar.

É sobre, enquanto familiares de idosos, ser esse estímulo para que ele não deixe de ser quem é, de sonhar, de se conhecer e se empenhar para usufruir do que plantou sem deixar de seguir plantando.

Que as festas de final de ano sejam momentos de paz e harmonia, afinal, a vida é a arte do encontro.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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