Oh abre alas que eu quero passar... Peço licença para desabafar... (Chiquinha Gonzaga)
Ainda choro ao lembrar-me do medo e tristeza que passamos nos últimos dois anos. Mas quando ouvir o apito para minha escola desfilar, quando ouvir o repique da bateria, meu coração vai disparar de pura felicidade.
Após dois anos de suspensão devido à pandemia, teremos o grande presente de entrar novamente no Sambão do Povo. Levarei simultaneamente a felicidade da oportunidade do evento, mas lembrando lá no fundo que muitos ainda choram seus entes queridos.
Porém, na avenida, neste dia 9, entrarei com a proteção de todos os santos e crenças, que sempre nos acompanham, e desta vez teremos a ilustra presença da ciência. Que em toda sua luz se fará presente como aquela que propiciou e oportunizou esse magnífico evento.
Respeitosamente saudarei com uma mesura essa magnífica e linda criatura que entrará brilhante e resplandecente... A luz da ciência! Leva com ela além do samba no pé, a dolorosa responsabilidade por alguns erros, mas de todos os acertos que resultaram no fim próximo da pandemia.
As vacinas e todo o conhecimento da nova doença nos fez refletir sobre inúmeros pontos em diversas ocasiões nos últimos anos, mas a oportunidade dessa grande festa popular só foi possível pelo esforço implacável de pessoas que vencendo todas as adversidades mantiveram-se firmes.
Nós, médicos, enfrentamos diversas barreiras e passamos por uma situação nunca vista no mundo. Quando toda a população viveu o lockdown, que foi o período mais crucial, nós profissionais da saúde estávamos na linha de frente, tentando combater um vírus sem conhecimento algum. Colocamos nossa vida em risco por todos!
Em nosso aprendizado de salvar vidas, vimos diversas vidas serem perdidas para entender o que o vírus causava. Vivendo em meio a pesquisas, descobertas, sofrendo por doentes que se acumulavam em leitos e tentando proteger nossa família. A maioria de nós enfrentou a Covid dentro de hospitais, contraímos a doença, alguns se foram, outros ficaram para testemunhar a criação das vacinas e passar para o próximo passo de fazer um povo acreditar na prevenção da doença.
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Tarefa árdua, mas que hoje é nitidamente provada na queda de casos, no retorno da liberdade, mesmo que ainda precisemos preservar idosos e pessoas mais frágeis, mas a ciência venceu. Vamos sambar, enaltecer a cultura capixaba e os que vivem e trabalham para o Carnaval, e que ficaram dois anos se reinventando como tantos. Vamos celebrar na festa mais democrática do mundo, onde não há credo, raça ou gênero.
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