A sociedade na qual vivemos está imersa no conceito de mundo líquido exposto nas obras de Zygmunt Bauman, em que o sociólogo polonês retrata como os tempos modernos estão sendo deixados para trás sem ao menos nos darmos conta de seus acontecimentos. Interessante a obra de Bauman, pois aborda aspectos que visualizamos no cotidiano das gerações que já nasceram em uma época em que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) estavam amplamente disseminadas e faziam parte do dia a dia. Aspectos esses que perpassam por relacionamentos, sentimentos, culturas e até mesmo a filosofia diária.
Um ponto interessante a ser questionado na área acadêmica do ensino primário até a faculdade é: como estamos educando esses jovens? Educando no sentido da escolarização, que envolve não somente o conhecimento das disciplinas, mas também a formação do indivíduo para estabelecer suas relações humanas, como membros de uma sociedade.
Por conseguinte, podemos também expor as preocupações concernentes ao fato de os estudantes dessa geração serem considerados nativos digitais, pois nasceram na fase de ampla apropriação tecnológica, ao contrário dos professores, que, em sua grande maioria, nasceram em épocas anteriores, em que o processo de ensino-aprendizagem não perpassava pelas tecnologias de aprendizagem. Ou seja, docentes que carregam a nomenclatura de imigrantes digitais, dada pelo escritor norte-americano Marc Prensky, que aprenderam a utilizar a tecnologia ao longo de suas vidas.
Saber compreender tais conceitos pode auxiliar na elaboração de possíveis estratégias de ensino e questionamentos sobre o sistema educacional atual, o qual é muito criticado em diversos fóruns e congressos educacionais, porém não são propostas soluções efetivas ou ao menos palpáveis nesse sentido.
Se estamos um pouco perdidos sobre o processo de ensino-aprendizagem de adolescentes e jovens das gerações atuais, imagine criar arquétipos de cenários futuros para a educação. Nesse sentido, é interessante o que o historiador e filósofo israelense Yuval Noah Harari expõe, em seu livro “21 lições para o século 21”, sobre a dificuldade de planejarmos cenários futuros para uma era cuja exigência tecnológica atual ainda nem conhecemos.
A partir disso se faz necessária uma pergunta contemporânea na educação: estamos progredindo nas diversas formas de ensino ou há que se reconfigurar todo o processo educacional para as gerações nascidas a partir do século XXI?
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O desafio vem sofrendo mutações com aplicativos de estudos focados em determinadas disciplinas e/ou áreas de estudo; uma pandemia pela qual estamos passando, gestando a ideia do novo normal muito difundida no meio acadêmico e impactando de maneira singular nas diferentes formas de aprendizado não presenciais. Outros obstáculos,como já dito, são as incertezas que o mundo tecnológico apresenta aos imigrantes digitais (professores) que, em grande número, não conseguem manusear e compreender as tecnologias educacionais atuais que seus alunos, nativos digitais, utilizam com tanta facilidade e aplicabilidade em seu contexto social.
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