“Garganta saciada despreza o favo de mel, garganta faminta acha doce todo amargo” Pr 27,7
Pr 27,7
Sabiamente, o autor do Livro dos Provérbios descreve o drama de quem é açoitado pelo flagelo da fome, como milhões de irmãs e irmãos nossos que não têm o que comer. A fome traz consigo o gosto amargo do desespero e da morte.
Umas das passagens mais dramáticas nas Escrituras Sagradas encontramos no livro 1 Reis, quando a viúva de Sarepta responde ao profeta Elias:
“Pela vida do SENHOR, teu Deus, não tenho pão cozido; tenho apenas um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Estou ajuntando uns gravetos, vou preparar esse resto para mim e meu filho; nós o comeremos e depois esperaremos a morte.” (1Rs 17,12)
O drama da viúva de Sarepta é o mesmo drama de milhões de mães em nosso país que não têm o que comer ou como dar de comer aos seus filhos. Somente no nosso Estado existem centenas de famílias empobrecidas, que passam fome diariamente, e outras milhares que não sabem se terão o que comer no dia seguinte. Como a mãe, com uma criança no colo, que atendi no portão da Paróquia, sob sol escaldante, e me disse entre lágrimas:
“Pelo amor de Deus, estou aqui tentando conseguir uma cesta básica. Acabei de descer o morro de São Benedito nesse sol quente e não consegui nada por lá. Eu estou há três dias sem comer e o pouco de comida que tinha na minha casa eu dei ontem para meus outros filhos que ficaram lá e que não comeram mais nada desde então. Tenho essa criança especial de dois anos e não tenho nada para dar a ela”
A fome nunca foi ignorada por Deus e jamais pode ser ignorada por nós. Um dos preceitos básicos da organização do povo de Israel no Primeiro Testamento era o enfrentamento da fome. Preceito fundamental da lei de Deus é a responsabilidade que devemos ter com as necessidades de todos (Deuteronômio 15,4).
“Se o teu irmão se achar em dificuldade, tu o sustentarás” (Lv. 25,35).
Nos quatro evangelhos está descrito com detalhes preciosos a multiplicação dos pães, mostrando a sensibilidade de Jesus e a responsabilidade que seus discípulos devem ter diante da fome. Diante da multidão faminta, Jesus ordena aos discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt. 14,16).
A pandemia de Covid-19 trouxe à luz o drama das famílias empobrecidas causada pela fome em todo Brasil. Inúmeras campanhas foram realizadas, mas passada a pandemia foram desaparecendo e as doações diminuíram expressivamente, mas a fome continuou.
A Campanha Paz e Pão, uma rede de ações contra a fome e pela inclusão social da Arquidiocese de Vitória, continua atendendo milhares de famílias em toda a Grande Vitória desde 2020, quando foi iniciada.
Consciente de que todos somos responsáveis por enfrentar esse flagelo, convido você que já foi contribuinte e, por algum motivo parou, que volte a contribuir e acompanhe nosso trabalho pelo site www.pazepao.com.br
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