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É vigário para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória

A pandemia acabou, a fome, não: volte a contribuir com a Campanha Paz e Pão

A rede de ações contra a fome e pela inclusão social da Arquidiocese de Vitória continua atendendo milhares de famílias em toda a Grande Vitória desde 2020

  • Kelder Brandão É vigário para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória
Publicado em 02/10/2024 às 13h27

“Garganta saciada despreza o favo de mel, garganta faminta acha doce todo amargo” Pr 27,7

Pr 27,7

Sabiamente, o autor do Livro dos Provérbios descreve o drama de quem é açoitado pelo flagelo da fome, como milhões de irmãs e irmãos nossos que não têm o que comer. A fome traz consigo o gosto amargo do desespero e da morte.

Umas das passagens mais dramáticas nas Escrituras Sagradas encontramos no livro 1 Reis, quando a viúva de Sarepta responde ao profeta Elias:

“Pela vida do SENHOR, teu Deus, não tenho pão cozido; tenho apenas um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Estou ajuntando uns gravetos, vou preparar esse resto para mim e meu filho; nós o comeremos e depois esperaremos a morte.” (1Rs 17,12)

O drama da viúva de Sarepta é o mesmo drama de milhões de mães em nosso país que não têm o que comer ou como dar de comer aos seus filhos. Somente no nosso Estado existem centenas de famílias empobrecidas, que passam fome diariamente, e outras milhares que não sabem se terão o que comer no dia seguinte. Como a mãe, com uma criança no colo, que atendi no portão da Paróquia, sob sol escaldante, e me disse entre lágrimas:

“Pelo amor de Deus, estou aqui tentando conseguir uma cesta básica. Acabei de descer o morro de São Benedito nesse sol quente e não consegui nada por lá. Eu estou há três dias sem comer e o pouco de comida que tinha na minha casa eu dei ontem para meus outros filhos que ficaram lá e que não comeram mais nada desde então. Tenho essa criança especial de dois anos e não tenho nada para dar a ela”

A fome nunca foi ignorada por Deus e jamais pode ser ignorada por nós. Um dos preceitos básicos da organização do povo de Israel no Primeiro Testamento era o enfrentamento da fome. Preceito fundamental da lei de Deus é a responsabilidade que devemos ter com as necessidades de todos (Deuteronômio 15,4).

“Se o teu irmão se achar em dificuldade, tu o sustentarás” (Lv. 25,35).

Nos quatro evangelhos está descrito com detalhes preciosos a multiplicação dos pães, mostrando a sensibilidade de Jesus e a responsabilidade que seus discípulos devem ter diante da fome. Diante da multidão faminta, Jesus ordena aos discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt. 14,16).

Leonardo Santos Araújo, 31, há 10 anos veio de Ilhéus, na Bahia para morar no ES, perdeu o emprego de auxiliar de cozinha em um restaurante da Serra e hoje mora na rua com a esposa que está grávida de seis meses. Para se alimentar,  pede ajuda no semáforo da Avenida João Santos Filho com a Avenida Vitória, na Ilha de Santa Maria, em Vitória
Fome, homem pede ajuda para comprar comida em semáforo de Vitória. Crédito: Fernando Madeira

A pandemia de Covid-19 trouxe à luz o drama das famílias empobrecidas causada pela fome em todo Brasil. Inúmeras campanhas foram realizadas, mas passada a pandemia foram desaparecendo e as doações diminuíram expressivamente, mas a fome continuou.

A Campanha Paz e Pão, uma rede de ações contra a fome e pela inclusão social da Arquidiocese de Vitória, continua atendendo milhares de famílias em toda a Grande Vitória desde 2020, quando foi iniciada.

Consciente de que todos somos responsáveis por enfrentar esse flagelo, convido você que já foi contribuinte e, por algum motivo parou, que volte a contribuir e acompanhe nosso trabalho pelo site www.pazepao.com.br

Ajude-nos a chegar a outras pessoas que se tornem contribuintes. A campanha precisa ser fortalecida e as doações pessoais e institucionais são fundamentais.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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