Estamos observando, mais uma vez, os casos de Covid-19 lotarem as UTIs e trazerem restrições em todo o mundo. É observado em países europeus, por exemplo, que este novo ciclo tem desencadeado, além do agravamento de casos e mortes por coronavírus, ainda mais casos de transtornos depressivos e de ansiedade, espalhando pelo continente uma espécie de “novo vírus” — o da precarização da saúde mental.
Diferentemente do que observamos no começo de 2020, o endurecimento das medidas restritivas traz consigo uma espécie de familiaridade que pode fundamentar negativamente o modo como encaramos este novo momento e como observamos e projetamos nossas expectativas para o futuro. Mas o que fazer para preservar a nossa saúde mental?
Uma boa estratégia é que, neste momento, façamos uma análise de como foi o início da quarentena anterior. O que funcionou para você? Quais foram os momentos de maior crise? Quem foi a sua rede de apoio? Quais projetos você conseguiu desenvolver? Você conseguiu descansar?
Analisar o primeiro momento de medidas restritivas mais rígidas de 2020 pode ser importante para criar estratégias mais eficazes que nos possibilitem a preservação não apenas de nossa saúde física, mas também de nossa saúde mental. Compartilho algumas dicas possíveis do que aprendemos e podemos manter ou ressignificar para um possível momento como esse.
Em primeiro lugar, lembre-se que estar em distanciamento social não significa estar em distanciamento afetivo. Mantenha contato virtual frequente com aqueles amigos e familiares que deixam você à vontade consigo mesmo e que o fortalecem. Outro ponto importante é livrar-se da culpa da necessidade de produtividade. Nem todos produzem de igual maneira. Em momentos de incertezas, podemos sim nos perdoar e entender que precisamos respeitar nosso ritmo e o contexto que nos demanda bastante esforço cognitivo diante do novo e da saída de nossa zona de conforto.
Para seguir em isolamento, tente manter uma rotina (mesmo que mínima). Isso pode ser importante para não deixarmos com que os dias sejam todos iguais, produzindo mais sentido em nossas atividades dentro de casa. Por último, mas de primeira importância, é fundamental entender que nem tudo está em nosso controle. Momentos de preocupação, pensamentos negativos e ansiedade podem ser imprevisíveis durante este novo período, diante de novas incertezas sobre o futuro. Com isso, é importante que, quando pensamentos dessa natureza surgirem, façamos o esforço para nos mantermos no momento presente. Respirar e expirar fundo podem nos ajudar nesse resgate, reduzindo a ansiedade.
É mais uma vez momento de nos voltarmos para dentro de nós, de nossas casas e de nossos universos particulares. Possibilitar um novo ajustamento, neste contexto, é também descobrir nossas infinitas potencialidades e exercitar nossa criatividade.
Que neste momento sejamos, também, cada vez mais conscientes de quem somos para que não percamos de vista aquilo que, durante a rotina corrida e atropelada, passava despercebido, mas que, na verdade, sempre mereceu ser um ponto de atenção para a manutenção de nossa saúde física e mental.
A autora é doutora em Psicologia e coordenadora dos cursos de Psicologia e Pedagogia da Faesa
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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