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É doutor em Ciências da Religião, pastor, professor e escritor

A verdade esquecida do Natal

. Natal é inversão. É tempo de incomodar os que estão pacificados em suas glórias e lembrar dos esquecidos nas esquinas das “belens” da vida

  • Kenner Terra É doutor em Ciências da Religião, pastor, professor e escritor
Publicado em 26/12/2024 às 12h25

No Ocidente, a celebração natalina ganhou a estética do vermelho escarlate, de gente bem vestida e luzes esplendorosas. O menino messias ficou pop e o mercado celebra efusivamente. Mas seria essa imagética compatível ao Nazareno da Galileia? E se revisitássemos os Evangelhos com a lupa da realidade, o que encontraremos?

Mudando os óculos por lentes mais honestas, perceberemos que Natal é Deus que nasce de mulher pobre, em berço não esplêndido, nas extremidades de uma terra sem expressão. Logo, desnorteiam-se as expectativas apoteóticas quando o sinal para seu reconhecimento descredencia a pompa e mostra-se em panos simples. O Deus-menino não se adéqua às convenções nem se preocupa com as muitas honrarias comuns aos monarcas, e sua glória manifesta-se na fragilidade de um bebê.

No Natal Deus não se dá a conhecer através de apoteótico espetáculo. Pelo contrário, escolhe traduzir a eternidade nas amarras da vida. Eis aí o milagre: o infinito na finitude, o inefável nas teias da linguagem, o imensurável na fronteira humana, o Senhor dos céus e da Terra existindo em um recém-nascido.

O anjo, especialista em coisas celestiais, confirma o paradoxo: aquele pequeno ser é o salvador, o Cristo, o Senhor. O coral da eternidade deu as boas-vindas anunciando a paz na Terra e o Seu favor para com homens e mulheres. Céu e Terra se misturam fazendo do mundo palco para o encontro com o escandaloso Rei-Messias, amigo de gente esquecida, e cujos ensinos e vida chocariam seus interlocutores.

O que faremos, pois? Resta-nos tornar nossa vida em manjedoura para tantos outros sem abrigo ou hospedaria. Natal é inversão. É tempo de incomodar os que estão pacificados em suas glórias e lembrar dos esquecidos nas esquinas das “belens” da vida.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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