O Brasil é o país do futuro! Essa frase é quase um mantra que marcou gerações, fazendo parte do nosso imaginário há décadas, tendo inclusive virado música da banda Legião Urbana. Motivos para esse otimismo não faltam: nosso país de fato é rico em recursos naturais, temos vasta extensão territorial, terras produtivas e uma diversidade cultural sem igual.
Nos últimos anos, o otimismo com a nossa diversidade ganhou ainda mais força após o surgimento e a consolidação da agenda ESG – as três letras que significam governança ambiental, social e corporativa. Esse movimento consiste na adoção, por parte das empresas, de práticas ambientalmente e socialmente sustentáveis, e também na adoção de métodos de boa governança em geral.
Com essa preocupação cada vez maior, os países desenvolvidos têm buscado locais onde possam investir seus recursos na produção, principalmente, de energia limpa, sendo o Brasil uns dos principais destinatários desses investimentos.
Não é por menos, o Brasil tem números expressivos no que diz respeito ao meio ambiente. Temos umas das matrizes energéticas mais limpas do mundo: de acordo com dados do Balanço Energético do Ministério de Minas Energia, 47,4% da energia do Brasil vem de fontes renováveis, enquanto a média mundial é de apenas 15%, segundo a Empresa de Pesquisa Energética.
Temos muito a melhorar, e os investimentos externos serão sempre bem-vindos para acelerar essa transformação, tanto nas demandas energéticas com investimentos em usinas fotovoltaicas, eólicas, produção de biomassa, entre outras, como também nos investimentos em saneamento e infraestruturas urbanas que igualmente impactam o meio ambiente.
Na questão social evoluímos bastante nos últimos 30 anos, principalmente após a criação de bolsas assistenciais e benefícios como o acesso facilitado à educação superior para famílias mais carentes, entre outros avanços para reduzir a desigualdade.
Contudo, temos ainda muito a evoluir: 60,1% da população vivem com até um salário mínimo per capita por mês, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2023, levantamento do IBGE divulgado em dezembro passado. O nosso ensino público fica mal nos rankings internacionais como o Pisa, que avalia a educação em mais de 80 países. Isso sem falar na segurança pública, grande aflição dos centros urbanos.
Dado esse cenário, apesar dessa disposição inicial dos investidores estrangeiros de voltarem os olhos para o Brasil, e de a princípio possuirmos boas condições para receber esses recursos, precisamos justamente melhorar em muito no aspecto de Governança.
A Governança é o pilar quando falamos de ESG: sem essa ferramenta, os investimentos e as iniciativas não duram muito tempo. No Brasil, precisamos avançar no setor público e também na iniciativa privada, principalmente no que diz respeito à transparência, prestação de contas e respeito aos sócios minoritários.
O mais preocupante, contudo, diz respeito mesmo à Governança por parte do Estado brasileiro. O investidor exige previsibilidade, o Estado precisa ter regras claras e precisa ser o primeiro a respeitá-las. Não podemos conceber um país que não respeite e não faça respeitar as suas próprias normas.
Precisamos também de contas públicas saudáveis, de equilíbrio fiscal, gastando menos do que arrecadamos, sem repetir antigos erros, como direcionamento econômico por parte do governo, entre outros não tão antigos.
Melhorar a Governança no Estado, adotar regras claras e respeitá-las, contas públicas equilibradas, observar o caminho dos países desenvolvidos é a receita que devemos seguir para conseguirmos surfar essa onda da economia sustentável e, quem sabe, sermos o país do presente.
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