Os grandes varejistas brasileiros estão enfrentando dificuldades já faz um tempo e os problemas foram agravados pela pandemia. Os motivos são diversos e incluem alta dos juros, alavancagem, concorrência acirrada e inadimplência do consumidor. São problemas estruturais que estão levando as empresas a contabilizarem prejuízos, fechar lojas físicas e encarar ações em baixa consideráveis.
Enfrentar essa nova era das vendas do varejo, focado mais no on-line, é um grande desafio. Várias varejistas estão reestruturando as operações, mudando o foco das vendas e buscando formas de enfrentar a concorrência. Por outro lado, as varejistas mundiais têm dificuldade em atuar no mercado brasileiro pela sua complexidade, necessidade de logística com muita capilaridade e perfil do consumidor em transição.
Uma das soluções que apareceram foi apresentada por uma parceria entre a Magalu e a AliExpress. As empresas vão aproveitar a sinergia das operações para diversificar a oferta de produtos e atrair os consumidores de forma mais agressiva. Na prática, vai funcionar da seguinte forma: a Magalu vai ofertar os produtos da linha “choice” da AliExpress, que inclui produtos de beleza, eletrônicos e escritório. São itens que o AliExpress tem bastante vantagem comparativa. A velocidade de entrega dos produtos será um grande diferencial, pois a Magalu tem grande capilaridade logística e os produtos serão importados previamente e estarão disponíveis em território nacional. Esse movimento vai permitir que a varejista compita com mais fôlego com Mercado Livre e Shopee.
Pelo lado da chinesa, a vantagem virá da complementaridade de produtos. A AliExpress poderá ofertar produtos duráveis, que hoje não são ofertados em sua plataforma, e a Magalu é líder no mercado nacional. Com isso, o marketplace chinês vai ter um leque de produtos maior para disponibilizar aos consumidores e concorrer de forma mais forte com Casas Bahia e Americanas. É uma solução “fora da caixa” que estava sendo negociada desde o ano passado.
O mercado de varejo brasileiro é complexo e as estrangeiras têm bastante dificuldade em conseguir fincar bandeira em solo nacional. Uma gigante chinesa entrando no mercado brasileiro sem fazer grandes investimentos em logística é um movimento importante que vai incomodar o mercado. Ao mesmo tempo, disponibilizar produtos estrangeiros com preços competitivos e logística eficiente é sempre relevante e parece uma jogada de mestre do marketplace brasileiro, tanto que as ações da Magalu subiram 12% após o anúncio.
Agora, será que a negociação vai parar por aí, ou estamos vendo um ensaio para a fusão/aquisição da Magalu pela AliExpress?
O Grupo Alibaba é o terceiro maior varejista mundial e ocupa somente a sétima posição dentre os marketplaces mais acessados no Brasil, com 2,9% dos acessos (dados de junho de 2024). Se isso realmente acontecer, vai ser uma mudança importante nas forças das varejistas, formando uma nova empresa com 7,5% dos acessos, se colocando em um quarto lugar bem próximo da Amazon e da Shopee (o Mercado Livre reina distante com 14,4%).
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