A pandemia do novo coronavírus nos impôs a mudança de posturas, hábitos sanitários e acentuou questões já existentes, como a negligência com a segurança no trabalho policiais. Treinados para o risco físico, mas não biológico, o número de profissionais de segurança pública mortos por Covid-19, em apenas um ano, foi maior que a quantidade que perdeu a vida em decorrência da violência urbana ou por conta do serviço.
Dados divulgados pelo Monitor da Violência, com base nos levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Núcleo de Estudos da Violência da USP, mostram que 465 policiais civis e militares da ativa morreram em decorrência do coronavírus em 2020, mais que o dobro do número de agentes assassinados ou mortos em confronto. E 126.154 policiais foram afastados de suas atividades por causa da doença, cerca de 25% do total do efetivo no país.
Esse número é ainda mais avassalador se considerarmos que não foram incluídas as mortes por Covid-19 de bombeiros, guardas civis, policiais rodoviários federais e policiais federais. Também não foram computadas as mortes ocorridas em 2021, período de agravamento da pandemia.
Mesmo estando na linha de frente desde o início da pandemia, só em março de 2021, após muita luta, é que profissionais da segurança pública ganharam o direito de serem vacinados, já que estavam fora dos grupos prioritários do Programa Nacional de Imunização.
Apesar da indiferença da sociedade e de gestores da segurança pública, o trabalho de policiais é uma “roleta russa" com vulnerabilidades físicas e mentais. E numa pandemia, como estão no “nível da rua” em contato com a população e situações de aglomerações, o risco é potencializado pela constante possibilidade de contaminação.
Além da vacinação em massa e a distribuição de materiais adequados para proteção individual e coletiva, é fundamental a conscientização sobre a importância das rotinas de cuidado e dos protocolos para minimização do contágio, essenciais para que os policiais realizem seu trabalho de forma segura.
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É urgente romper com o negacionismo e adotar estratégias que verdadeiramente promovam a segurança no trabalho numa lógica responsável de autocuidado, garantia de direitos e preservação da vida de policiais. Afinal, a missão é árdua e o inimigo agora é outro.
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