Nesta semana em que a pandemia que Covid-19 completa três anos, tirando a vida de quase 6,9 milhões de pessoas em todo o planeta, 700 mil delas no Brasil, muitos aprendizados podem ser tirados em relação a medidas farmacológicas e não farmacológicas para seu enfrentamento. E todos eles estão podendo ser aplicados em nossa curta experiência à frente da Secretaria de Vigilância em Saúde a Ambiente do Ministério da Saúde, desde o início de janeiro.
Herdamos um cenário em ruínas. Havia um baixo estoque de vacinas, sendo muitas delas próximas da data de vencimento; mas, com uma decisão de priorizar a vida e colocar a volta da confiança na ciência como uma prioridade, conseguimos fazer uma recomposição orçamentária para possibilitar o que todos estão vendo com o Movimento Nacional pela Vacinação.
As medidas farmacológicas para enfrentar a pandemia incluem vacinas e medicamentos. Em relação às vacinas, o que sabemos até o momento é que três doses protegem a população contra os casos mais graves. Os grupos com potencial de desenvolver doenças mais graves se beneficiam ainda de mais uma dose de reforço.
De quanto em quanto tempo a imunização precisas ser feita é uma pergunta que as pesquisas ainda tentam responder. Não há ainda consenso sobre uma vacinação periódica.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) acompanha os estudos e ainda não há uma posição oficial. Alguns países adotaram estratégias diferentes de acordo com seu cenário epidemiológico e cobertura vacinal. No Brasil, o comitê técnico assessor formado por representante de sociedades científicas deliberou para uma dose de reforço em 2023 para grupos mais propensos a desenvolver doenças graves.
Já para as medidas não farmacológicas, a utilização de máscaras continua sendo muito importante em alguns momentos e para grupos específicos. Por exemplo, alguém que tem diagnóstico de Covid deve sair com o teste e máscara cirúrgica para que não transmita o vírus para outras pessoas; assim como pacientes imunodeprimidos precisam de acesso à máscara para realizarem atividades em segurança e protegidos.
Quando chegamos no Ministério da Saúde não havia dinheiro para instituir essas medidas e muito menos contratos. Estamos elaborando estudos juntamente com estados e municípios. Outra ação importante é o estímulo à incorporação de filtros de ar específicos em ambientes fechados como escolas e empresas. É preciso orientar a sociedade que essa é uma medida efetiva e que investimentos precisam ser feitos nessa direção.
Sabemos o que precisa ser feito, e sabemos como fazer. O trabalho tem sido intenso para podermos preparar e nos antecipar para uma possível onda no inverno. Vamos juntos com a união de estados e municípios para a reconstrução do nosso Sistema Único de Saúde. O Brasil sempre foi um exemplo em imunização para o mundo e, mesmo com a enxurrada de negacionismos e desinformação desses últimos anos, o SUS salvou e continuará salvando muitas vidas.
Ethel Maciel é Secretária de Vigilância em Saúde a Ambiente do Ministério da Saúde, enfermeira, epidemiologista e professora titular da Ufes.
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