A atual situação de emergência sanitária escancarou o que já era sabido por muitos: A grande maioria dos brasileiros reside em habitações precárias ou não tem residência. Vale citar que pesquisa da Datafolha para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) indica que 85% dos brasileiros não contratam arquitetos ao reformar ou construir.
Com isso, temos um problema a solucionar. Se uma família ganha menos de três salários mínimos, como pode contratar arquitetos para construir sua moradia atendendo as exigências legais e urbanas que asseguram saúde e qualidade de vida?
Uma reflexão que trazemos é quanto poderíamos economizar com saúde pública ao investir em moradias com ventilação adequada para prevenir doenças respiratórias, ergonomia que evite acidentes domésticos, banheiros com revestimentos de fácil higienização para não propagar vírus e bactérias e até mesmo evitar a propagação de novas epidemias.
Na saúde temos o SUS e por que não termos algo semelhante para "curar" as moradias dos brasileiros? Com um potencial transformador, a arquitetura pode salvar vidas.
O que poucos sabem é que existe a Lei 11.888, que garante o serviço de arquitetos e engenheiros de forma pública e gratuita para o projeto e construção de moradias à população de baixa renda, porém ainda é necessário a criação de programas nas esferas municipais e estadual para sua efetiva aplicação. Algumas capitais como Brasília já lançaram programas piloto de muito sucesso, que poderiam ser adaptados à realidade capixaba.
No meio dos arquitetos urbanistas, a área a ser explorada é conhecida como Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS ). Muitos profissionais lutam para tornar esse serviço uma realidade garantida a todo brasileiro, e a matemática é simples: Temos um déficit habitacional em número e qualidade, e milhares de profissionais ingressando na construção civil anualmente e buscando lugares onde possam colocar em prática seus aprendizados, e claro, ter seu sustento.
Este vídeo pode te interessar
No processo de produção das cidades (moradia digna, espaços públicos de qualidade) mudamos nós mesmos (profissionais da área) e quem delas usufrui.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.