Historicamente, mulheres que trabalham fora assumem um grande volume de atribuições, pois precisam se desdobrar para conciliar a jornada de trabalho com o serviço doméstico. Quando chega a maternidade, essas obrigações normalmente ultrapassam limites que muitos consideram “normais” em razão da sobrecarga de responsabilidades.
Nesse cenário, muitas dessas profissionais ainda encaram um desafio complexo e persistente que reflete uma desigualdade de gênero entranhada na sociedade: o preconceito.
Especialmente nas últimas décadas, houve avanços em prol da igualdade e respeito de gênero, mas a discriminação ainda é uma realidade na vida de muitas mulheres que buscam equilibrar a vida profissional e as responsabilidades familiares.
Segundo a pesquisa “Maternidade e Mercado de Trabalho”, realizada pelo Vagas.com, 52% das mães que ficaram grávidas ou saíram em licença-maternidade no último emprego passaram por alguma situação ruim na organização em que trabalhavam.
E são muitas as circunstâncias que enquadram as profissionais nesse cenário de discriminação. Uma razão muito latente que se esconde por trás desse preconceito é o estigma da produtividade reduzida, que reside na crença errônea de que as profissionais mães são menos comprometidas devido às responsabilidades familiares. Um prejulgamento improcedente, afinal as mulheres demonstram todo tempo como são capazes de desenvolver multitarefas com excelência.
A discriminação também pode ser observada quando essas trabalhadoras são preteridas em promoções ou oportunidades de crescimento no ambiente corporativo, sob a alegação de que a maternidade pode, de alguma forma, impactar o comprometimento e disponibilidade para a empresa.
Como se a vida tivesse que ser integralmente dedicada à vida profissional (algo que ninguém diz, mas muitas vezes está implícito). Vale destacar que esse tipo de segregação contribui para a desigualdade salarial, tanto entre gêneros quanto entre mulheres com e sem filhos.
Outra dificuldade é a recolocação no mercado de trabalho, tendo em vista que muitas mulheres abrem mão temporariamente da carreira para se dedicar à maternidade, e infelizmente encontram muitos obstáculos na hora de buscar uma nova ocupação. Nas entrevistas de emprego, são comuns perguntas do tipo: “Você tem filhos?”, “Pretende ter filhos?”, “Como vai conciliar as responsabilidades domésticas ao trabalho na empresa?”.
A discriminação inconsciente sobre a capacidade profissional das mães reverbera diretamente na cultura organizacional de muitas empresas, que minam oportunidades, alimentam comportamentos diários de falta de empatia e tornam o desafio de tantas mulheres competentes ainda maior e desigual.
Um problema sistêmico que exige uma conscientização ampla para quebrar as barreiras dessa mentalidade ainda vigente e, assim, criar um ambiente mais justo para que todas as profissionais mostrem o seu valor, não apenas como mães, mas na profissão que cada uma delas, por direito, escolheu seguir.
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