No mês que comemoramos o trabalho, entendemos necessário refletir sobre o assédio moral.
O assédio sexual na relação de trabalho feminino é tema amplamente discutido tanto nas organizações públicas como também na iniciativa privada considerando a ampla defesa dos direitos das mulheres. Entretanto, o assédio moral ainda não tomou a mesma dimensão no debate público como vemos no caso do assédio sexual.
Muitas vezes esse tipo de assédio leva ao sofrimento das mulheres em seus ambientes de trabalho sem mesmo que elas percebam, uma vez que vai minando sutilmente suas estruturas mentais e psicológicas. Imaginem o malabarismo de preservar a saúde mental para enfrentar os dois tipos de abusos ao mesmo tempo, ainda dar conta da família e vencer o malabarismo diário das multitarefas?
O assédio moral é uma forma muitas vezes silenciosa de violência a trabalhadora que tem como objetivo desestabilizar sua condição emocional e psíquica e acaba comprometendo a sua capacidade laboral numa sequência vagarosa, entretanto certeira. Alguns casos de assédio moral são consequências de um assédio sexual que não prosperou e a forma de afastar a mulher do trabalho, atuando para que peça seu desligamento é construída na sequência.
Como grande parte das mulheres convivem com a violência de seus companheiros em casa, entendem como “normais” alguns comportamentos de seus superiores. O saldo positivo dessas estatísticas negativas é que a mulher que conseguiu vencer os abusos provocados por seus parceiros conseguem enxergar mais rapidamente os vestígios de comportamentos abusivos em outros ambientes.
Sim, os homens com comportamento abusivo levam esses para seu ambiente de trabalho, repetindo as relações tóxicas.
O assédio moral se apresenta de várias formas: situações vexatórias e isolamento e esvaziamento das funções da trabalhadora (mais comum no setor público) são as mais comuns, além de ameaças, sobrecarga de atividades, exclusão de sua autonomia em casos de gestão de equipes, questionamentos no cumprimento do trabalho que não são de responsabilidade do trabalhador, atividades incompatíveis com o trabalho contratado e com tempo menor para ser realizado, agressões físicas e verbais, discriminação das mais diversas formas, omissão de informações necessárias à execução efetiva do trabalho, folgas e horas extras não reconhecidas ou dadas, boatos disseminados no ambiente de trabalho com vistas a ferir a dignidade, delegar a um colega de trabalho a atribuição de controle situação não prevista na hierarquia da empresa e finalmente apropriação de ideias ou trabalhos realizados pelo trabalhador.
O assédio moral traz consequências graves à saúde do trabalhador em grande parte das mulheres, provocados inicialmente por baixa estima, se agravando para comportamentos de desinteresse pelo trabalho, estresse, esgotamento físico e mental, insônia, depressão, pânico, Síndrome de Burnout e transtornos obsessivos compulsivos.
Começando algumas vezes de forma bem sutil os estágios vão se agravando, minando a saúde mental e levando ao desligamento da empresa mesmo não tendo nenhuma outra oportunidade de trabalho em vista, e em casos mais graves podem levar até mesmo ao suicídio.
Para manter um ambiente saudável nas organizações, muitas delas têm buscado criar protocolos para minimizar os impactos dessas atitudes na saúde dos trabalhadores, em especial as mulheres, uma vez que essas ocupam na grande maioria cargos de subordinação.
Assim, ter canais de denúncias de todos os tipos de assédio, criar código de ética e colocá-lo em prática com atitudes assertivas diante de atos confirmados, além de órgão de escuta ou acolhimento para recebimento das denúncias dessas mulheres, pode evitar um estrago ainda maior na sua escala de busca do tão disseminado empoderamento feminino.
Além disso, campanhas de conscientização efetivas que podem caracterizar o assédio bem como produção de material audiovisual como vídeos e cartilhas para alertar se você está sendo vítima deste mal que corrói a capacidade produtiva e criativa de muitos trabalhadores no país.
Não é fácil ser mulher neste país…
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.