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É especialista em Administração Pública, Gestão de Projetos e Engenharia de Tráfego

As vigarices do poder: precisamos de um Código de Defesa do Eleitor

Compartilhamos, entra ano e sai ano, a sensação de que fomos atraiçoados por propostas que talvez não tenhamos entendido direito

  • Fernando Repinaldo É especialista em Administração Pública, Gestão de Projetos e Engenharia de Tráfego
Publicado em 13/07/2023 às 14h22

Ano que vem teremos a rica oportunidade de escolhermos aqueles que cuidarão dos destinos das nossas cidades. Elegeremos prefeitos(as) e vereadores(as). Eles serão ungidos aos cargos através de ideias e projetos que contagiarão o coeficiente necessário de eleitores. Não à toa, o voto é a moeda mais valorizada da ocasião.

A sagrada liberdade de decidir é uma das tarefas mais difíceis que se apresenta diante de nós, tão difícil que às vezes até decidimos não decidir. De fato, o que decide é a nossa índole. No caso de eleições, a dificuldade aumenta, pois as escolhas, em geral, não têm um significado primariamente político, mas também intelectual, moral, econômico e abrangem todos os costumes coletivos, incluindo os modos de vestir e ter prazer. Ser de esquerda, como ser de direita é apenas uma das várias maneiras que o cidadão pode eleger para manifestar sua capacidade de produzir movimentos (in)voluntários, apenas isso.

Nas metrópoles, os problemas cotidianos são nossos velhos conhecidos. Apesar dos nossos administradores infestarem nossas redes sociais alardeando propostas alvissareiras através de “lives” e “posts”, nossa percepção não capta melhoras nas operações rotineiras.

Na real, engarrafamentos, transporte público de má qualidade, bagunça de bikes e ciclomotores em ruas e calçadas, falta de fiscalização efetiva, insegurança, espaços públicos mal planejados, licitações esquisitas, entre outros, continuam em posição de destaque nos desafios do nosso dia a dia. Compartilhamos, entra ano e sai ano, a sensação de que fomos atraiçoados por propostas que talvez não tenhamos entendido direito.

Assim, diante de um improviso evidente, o negócio público vai funcionando - entre arremedos e jeitinhos -, usando um fantástico potencial criativo, mas que, geralmente, deixa a desejar. Diante disso, a reflexão que nos insurge é se as nossas políticas públicas atendem às expectativas da nossa população e até mesmo se temos algumas alternativas viáveis e sustentáveis a sugerir. É com você, cidadão, que encontraremos respostas para essas indagações.

Confesso que com o advento do novo debate eleitoral que se avizinha começo a sentir certa insegurança e preocupação. Como testemunha ocular da história por várias décadas, atestei que o papel aceita tudo e que as palavras os ventos levam. Digo isso porque em todo processo eletivo aparecem os “iluminados” com narrativas fabulosas de como fazer e acontecer para que a cronicidade dos nossos problemas seja, afinal, resolvida. É uma pena que boa conversa, carisma, simpatia e sedução não tenham conseguido nem sequer enfrentar os diagnósticos mais elementares, os quais incansavelmente a própria imprensa apresenta.

Titulo de eleitor
Titulo de eleitor. Crédito: Shutterstock

Para compreendermos o papel de nossos políticos na sociedade, devemos entender o que eles fazem e não o que dizem fazer ou pensam estar fazendo. Infelizmente, na maior parte dos casos, as narrativas atropelam as evidências. Devemos assimilar suas ações e correspondentes consequências socioeconômicas e ambientais

Em 1990 foi criado o “Código de Defesa do Consumidor”, onde se estabeleceram as bases normativas específicas para a relação consumidor/fornecedor. Deu muito certo, de lá para cá o mercado evoluiu satisfatoriamente. Agora, acredito, o mercado político precisa evoluir, está na hora de se criar um “Código de Defesa do Eleitor”. Cuidado! Tudo que já está ruim sempre pode piorar.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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