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É mestra em Ciências Farmacêuticas e tTutora da UVV

Automedicação: uma questão cultural e perigosa no Brasil

Dificuldade de acesso ao sistema de saúde, entre outros motivos, faz com que milhares de pessoas no país tomem remédios sem orientação profissional, o que pode esconder e até agravar doenças

  • Mariana Moreira Figueira É mestra em Ciências Farmacêuticas e tTutora da UVV
Publicado em 07/05/2021 às 14h00
Pílulas
Ao usar um remédio, doente precisa se atentar à prescrição. Crédito: Freepik

Você sabia que a cada 100 brasileiros, 77 se automedicaram nos últimos seis meses? Segundo a pesquisa feita pelo Datafolha em 2019, 47% das pessoas se automedicam uma vez ao mês e 25% fazem isso ao menos uma vez por semana.

É muito comum, agora que temos acesso fácil a internet, pesquisarmos sobre os sintomas que estamos sentindo, nos autodiagnosticar e pesquisar “qual é o remédio para…”. Mas a automedicação pode ser perigosa. Apesar de todos os controles técnicos, estudos e testes, não há medicamento no mundo que não tenha efeitos adversos/indesejados. Em algumas pessoas esses efeitos poderão se apresentar; em outras, não.

A automedicação acontece quando nós mesmos diagnosticamos os sintomas que sentimos e ingerimos algum medicamento por conta própria. Algumas vezes, isso acontece por indicação de algum amigo ou parente.

No Brasil, a automedicação é cultural, devido, entre outros motivos, à dificuldade de acesso ao sistema de saúde. É mais fácil pesquisar e comprar o quanto antes a medicação, do que ter que dormir na fila do posto de saúde e aguardar uma consulta que talvez demore três meses para acontecer.

Mas os problemas da automedicação são vários, como esconder ou agravar uma doença, causar reações de hipersensibilidade, levar a uma intoxicação ou criar resistência a medicamentos. Algunas problemas podem só aparecer a médio e longo prazos.

Uma coisa importante a se pensar é que, mesmo que o medicamento seja prescrito por um profissional da saúde, isso não quer dizer que não ocorrerão reações adversas. Ao usar um remédio, você precisa se atentar à prescrição (a receita médica ou do cirurgião dentista), à forma correta de uso (se é via oral, por exemplo), à validade, ao horário, à alimentação, ao não uso de bebida alcoólica e à dose da medicação.

O que quero dizer é que medicamento é coisa séria. É preciso ter bom senso no uso. Se você tem uma dor de cabeça, por exemplo, e faz uso de algum analgésico que já tem costume, ok. Mas observe se outros sintomas têm aparecido ou se a dor de cabeça, mesmo tomando o analgésico, ainda persiste. É preciso buscar a causa desta dor, pois ela é um sinal de algo não está “funcionando bem”. Medicamento é algo que precisa ser levado a sério e que deve ser utilizado sob orientação médica, odontológica ou farmacêutica.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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