Nossa economia, assim como a mundial, está em crise dada à pandemia do novo coronavírus. Conceituados economistas demonstram a destruição de pequenos e até grandes negócios, após março de 2020, no país. Muitas empresas fecharam suas portas e colocaram, em “pé de igualdade”, empresários falidos e milhares de trabalhadores sem emprego e/ou renda para o sustento básico. O auxílio emergencial, criado no ano passado, garantiu um alento para trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados.
O fim desse auxílio em dezembro último gerou mais de 2 milhões de novos pobres, alcançando 13,4% da população: 26 milhões de miseráveis, vivendo com menos de R$ 250 mensais. Agora, a pauta, tanto no Executivo, quanto no Congresso, é a retomada de um novo auxílio emergencial. O governo federal quer condicioná-lo a ajustes fiscais: aperto nas contas públicas. Controvérsias à parte, isso não me parece mais adequado neste momento, considerando que mais investimento público faz girar a economia.
O dilema é que, sem auxílio emergencial, haverá aumento da pobreza e miséria. Sua retomada, dizem os analistas econômicos, pode gerar aumento da dívida pública, inflação em alta, impacto no teto de gastos, entre outras consequências. Ainda assim, é uma alternativa muito viável para diminuir o crescimento da pobreza na pandemia.
O que não me parece justo é que qualquer tipo de auxílio emergencial seja visto como uma ação de “bondade” de um governo. Deveria sim, estar no bojo de uma política de Estado, com retomada econômica, retração da pobreza e desenvolvimento sustentável para o Brasil. Uma política que resgatasse, enfim, a dignidade humana. Infelizmente, ainda estamos longe disso nestes tempos de pandemia e da forma como negacionistas de plantão a tem tratado, ignorando a ciência. Os resultados? Talvez apareçam nas urnas eletrônicas em 2022.
O autor é doutor em Administração, pós-doutor pela University of Liverpool Management School e professor titular aposentado da Ufes
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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