A imunoterapia está mudando radicalmente o tratamento do câncer, oferecendo esperança para pacientes que antes tinham poucas opções. Ao contrário das terapias tradicionais, como a quimioterapia e a radioterapia, que podem causar efeitos colaterais severos, a imunoterapia usa o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer às custas de um perfil de toxicidade mais aceitável. Essa abordagem tem mostrado resultados promissores, especialmente para neoplasias como melanoma, câncer de pulmão e rins.
O melanoma é um tipo de câncer de pele muito agressivo. Tradicionalmente, o tratamento para os casos avançados tinha um prognóstico ruim, mas a imunoterapia definitivamente mudou esse cenário. Medicamentos como Ipilimumabe, Pembrolizumabe e Nivolumabe, que são inibidores de checkpoint imunológico, têm demonstrado mais eficácia. Essas drogas bloqueiam proteínas que impedem o sistema imune de atacar as células cancerígenas. Recentemente, tivemos a aprovação no Brasil de um novo imunoterápico, o Relatlimabe, que atua em uma nova via dos inibidores do checkpoint.
Além disso, tivemos a atualização dos dados da combinação desses medicamentos com outras terapias, mostrando ser uma boa estratégia para aqueles pacientes que progrediram na imunoterapia. O estudo LEAP 004 destacou que a combinação de Pembrolizumabe com Lenvatinibe, uma terapia alvo, resultou em uma taxa de resposta de 33% em pacientes com melanoma avançado. Essas associações estão abrindo novos caminhos para tratar o câncer de forma mais eficaz.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) está começando a incorporar a imunoterapia em seus tratamentos. Em 2023, foi aprovada a incorporação da imunoterapia gratuitamente para o tratamento de melanoma avançado, no entanto, devido ao alto custo desses medicamentos, ainda não foi possível iniciar essa terapêutica.
Quando efetivamente começar, isso será um passo importante para garantir que mais pessoas tenham acesso a essa tecnologia inovadora. Produzir e administrar esses tratamentos é caro, e isso limita seu acesso para muitas pessoas. Políticas de saúde e novos modelos de financiamento são necessários para tornar essas terapias mais acessíveis.
Além do melanoma, a imunoterapia tem mostrado resultados promissores em outros tipos de câncer, como o de pulmão. Os estudos indicam que a combinação de inibidores de checkpoint entre si, combinados com quimioterapia ou até mesmo isoladamente, aumenta significativamente a taxa de resposta e sobrevida em pacientes com tumor maligno de pulmão não pequenas células. Esse tipo de neoplasia, a mais comum entre os cânceres de pulmão, tem se beneficiado enormemente dessas novas abordagens.
Tivemos na ASCO 2024, maior congresso de oncologia das Américas, a apresentação dos dados do estudo ADRIATIC, que evidenciou o benefício da associação do imunoterápico Durvalumabe à quimioterapia no câncer de pulmão de pequenas células, o tipo mais agressivo da neoplasia, cenário no qual não havia novidades terapêuticas nos últimos 30 anos.
Apesar dos desafios, a imunoterapia representa um avanço significativo no tratamento oncológico. Os dados e pesquisas apresentados na ASCO 2024 reforçam o potencial dessa abordagem, mas também mostram que ainda há trabalho a ser feito. Continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento é crucial para superar os obstáculos e expandir o acesso a esses tratamentos.
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