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É professor, consultor em Língua Inglesa, empresário e diretor da Forword Comunicação e Idiomas

Baixa fluência em inglês: qual é o impacto no mercado de trabalho?

A baixa proficiência reflete uma série de desafios, desde a qualidade do ensino até o acesso a cursos de idiomas. Segundo o Índice de Proficiência em Inglês (EF EPI) de 2022, o Brasil ocupa a 60ª posição em um ranking de 111 países

  • Sandlei Moraes É professor, consultor em Língua Inglesa, empresário e diretor da Forword Comunicação e Idiomas
Publicado em 22/10/2024 às 14h41

O inglês, considerado a língua global por excelência, tem uma relevância inegável no cenário internacional. Seu domínio é uma habilidade fundamental tanto para o desenvolvimento profissional quanto pessoal. No entanto, os números mostram que no Brasil ainda há um grande déficit: apenas 5% da população brasileira possui algum nível de conhecimento em inglês, e, destes, apenas 1% é fluente, aponta estudo recente do British Council.

Essa baixa proficiência reflete uma série de desafios, desde a qualidade do ensino até o acesso a cursos de idiomas. Segundo o Índice de Proficiência em Inglês (EF EPI) de 2022, o Brasil ocupa, por exemplo, a 60ª posição em um ranking que avalia o nível de inglês de 111 países. Essa classificação deixa o país em um nível de proficiência baixo, atrás de muitos outros países latino-americanos, como Argentina e Chile.

No mercado de trabalho, a fluência em inglês pode ser o diferencial que coloca um candidato à frente em processos seletivos, especialmente em empresas multinacionais ou setores que exigem interação internacional. Além disso, a fluência no idioma pode aumentar os salários de forma significativa.

Profissionais com cargos de coordenação que dominam o inglês podem ganhar até 61% a mais do que aqueles com conhecimentos limitados no idioma. Em cargos de diretoria, essa diferença é de até 56%, segundo pesquisa da Catho. Isso porque empresas que operam em mercados globais exigem profissionais capazes de se comunicar com parceiros e clientes estrangeiros, participar de conferências internacionais e acessar informações em inglês, que é a língua predominante na produção de conhecimento acadêmico e técnico.

Além do impacto direto na remuneração, falar inglês também abre portas para oportunidades internacionais de estudo e trabalho. Muitos brasileiros que buscam especializações no exterior ou uma carreira internacional encontram no idioma a chave para ingressar em universidades de renome e participar de programas de intercâmbio.

Além disso, as oportunidades de trabalho remoto, que aumentaram após a pandemia de Covid-19, frequentemente exigem fluência no inglês, uma vez que muitas dessas vagas são oferecidas por empresas de outros países.

Aula de inglês
Aula de inglês. Crédito: Pixabay

No entanto, o desafio de aprender inglês no Brasil não é apenas uma questão de interesse. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2019, a renda é um fator limitante. A maioria dos brasileiros que têm acesso ao ensino de qualidade do inglês pertence às classes mais altas, enquanto as classes mais baixas têm dificuldade em pagar por cursos de idiomas. Essa disparidade socioeconômica contribui para que a proficiência no inglês se concentre em uma pequena parcela da população, reforçando as desigualdades já existentes no mercado de trabalho.

Diante desse cenário, é fundamental que o Brasil invista em políticas públicas que promovam o ensino do inglês desde a educação básica, garantindo que crianças e jovens de todas as classes sociais tenham a oportunidade de aprender o idioma. Afinal, o inglês é mais do que uma língua adicional — é uma ferramenta essencial para o sucesso no mercado de trabalho globalizado.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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