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É presidente do Sindibares/Abrasel no Espírito Santo

Bares, restaurantes e consumidores sofrem com a baixa produtividade do trabalhador

Precisamos identificar os problemas do setor, conscientizar os empresários e capacitar trabalhadores e gestores. Mas esse desejo precisa ser despertado pelo próprio brasileiro em querer sempre crescer

  • Rodrigo Vervloet É presidente do Sindibares/Abrasel no Espírito Santo
Publicado em 22/07/2024 às 15h08

O trabalhador brasileiro produz, em média, somente um quarto do que produz um trabalhador americano. Enquanto o trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer um produto ou serviço, um trabalhador nos Estados Unidos executa a mesma tarefa em 15 minutos e um alemão ou coreano em 20 minutos. Essas informações - preocupantes para a economia brasileira - foram reunidas pelo presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomércio-SP, o professor José Pastore.

A queda da produtividade é como uma bola de neve: ela implica em aumento do custo para o setor de serviços — em que bares e restaurantes se incluem —, alta rotatividade de funcionários, queda na qualidade de atendimento, dificuldade na implementação de processos internos, piora nos índices econômicos, menos poder de compra para a classe trabalhadora — que passa a ser substituída com mais frequência, aumentando desemprego, entre outros impactos.

Ou seja: é urgente providenciar mudanças que provoquem a potencialização da produtividade dos trabalhadores. Mais dados corroboram esse cenário: a produtividade da economia brasileira por hora efetivamente trabalhada avançou apenas 1,9% em 2023, após dois anos seguidos de queda, de acordo com a FGV. Os motivos para esse avanço, ainda que tímido? O processo de formalização no mercado de trabalho — a partir do esforço do setor de serviços — e o crescimento da ocupação entre os mais escolarizados.

Não tem outra saída: qualificar e especializar a nossa mão de obra é o primeiro passo para mudar essa realidade. A ausência de máquinas, equipamentos, estrutura e infraestruturas colaboraram para a realidade, é fato, mas a mão de obra sem especialização, cursos técnicos e profissionalizantes são potencializadores para que a produtividade do trabalhador — que respinga em tantos outros problemas — persista como um problema.

É preciso entender a problemática como uma esteira de consequências que começa com a qualidade da mão de obra. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes já começou a discutir o assunto com profundidade em seu último grande encontro nacional do conselho de presidentes, no qual me incluo. Temos atuado, por exemplo, em colaboração com entidades, como o Senac, para oferecer cursos de capacitação e emprego para profissionais do setor de bares e restaurantes.

Oportunidade de trabalho para garçom
Atendimento em bares e restaurantes. Crédito: Freepik

Precisamos identificar os problemas do setor, conscientizar os empresários e capacitar trabalhadores e gestores. Mas esse desejo precisa ser despertado pelo próprio brasileiro em querer sempre crescer. No país, ainda existe uma dificuldade muito grande de adaptação às mudanças nos treinamentos profissionais. Alerto também que muitos empresários também precisam estar abertos ao processo de capacitação de gerenciamento.

O capital físico deixa a desejar? Sim, mas a educação — cerne de tudo isso — ainda é o grande problema. Urge a necessidade de despertar no brasileiro a vontade de crescer! Ainda mais no cenário atual, onde há uma revolução de IA (Inteligência Artificial) acontecendo por todo o mundo neste exato momento. E essa é a realidade que pode expurgar de vez do mercado quem não se dedicar a crescer.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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