A economia é, por definição, a ciência que se atém ao estudo da produção, circulação e distribuição da riqueza. Nessa investigação há diversas formas de se compreender e avaliar esses fenômenos, no que se formam as escolas do pensamento econômico.
Uma escola do pensamento econômico é composta por um grupo de pensadores que compartilham uma perspectiva comum acerca do funcionamento da economia. Embora nem sempre seja tarefa fácil vincular um pensador econômico a uma determinada escola, é comum esse tipo de enquadramento na literatura, nos debates e na mídia.
Daí surgem classificações como marxistas, liberais, keynesianos, institucionalistas e estruturalistas, entre outras. Nessa esteira emerge a escola de pensamento econômico denominada novo-desenvolvimentista. Para surpresa de muitos, cuida-se de uma escola brasileira do pensamento econômico, que se desenvolve a partir das formulações do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Diante dos desafios postos à economia brasileira, considerando que estamos há 40 anos em processo de semiestagnação econômica, talvez tenhamos uma receita caseira para superação dos nossos problemas nessa área. Isso desafia, contudo, aquilo que o dramaturgo Nelson Rodrigues denominava de “complexo de vira-lata”, que nada mais é do que uma certa inferioridade que acomete o brasileiro em face do resto do mundo.
O Brasil, entre 1930 e 1980, se industrializou, sofisticando suas estruturas produtivas, e a renda per capita cresceu a uma taxa de 3,8% ao ano. Só a título de comparação, após esse período a taxa média de crescimento da renda per capita brasileira tem sido de 1% ao ano, patamar insuficiente para o Brasil alcançar os padrões de renda dos países ricos.
Segundo Bresser-Pereira, o desenvolvimentismo é uma palavra com muitos significados. Ela serve tanto para designar uma forma de organização econômica e política do capitalismo como para nomear uma ideologia que torne o desenvolvimento econômico sua prioridade, e, finalmente, como teoria. Como forma de organização econômica e política do capitalismo, o desenvolvimentismo supõe a intervenção moderada do Estado na economia; como ideologia, ela supõe o nacionalismo econômico; como teoria, ela defende a coordenação econômica pelo mercado, mas reconhece suas limitações.
A teoria novo-desenvolvimentista é de matriz pós-keynesiana, pois reconhece que o desenvolvimento econômico é puxado pela demanda, mas inova quando afirma que não basta a existência da demanda para haver crescimento. É preciso, também, que haja acesso à demanda, algo que a taxa de câmbio apreciada no longo prazo, por exemplo, não garante à indústria nacional. Assim, a teoria novo desenvolvimentista, dando ênfase à taxa de câmbio, área pouco explorada pela ciência econômica, promove significativos avanços para compreendermos o processo de desenvolvimento econômico.
Outro ponto de grande relevância é trabalhar, de forma coordenada, os cinco preços macroeconômicos: taxa de inflação, juros, câmbio, salários e de lucros; bem como as duas contas macroeconômicas: a fiscal, que reflete a economia do Estado e a externa, que reflete a economia do Estado-nação. Em suma, é uma teoria que explica, entre outras coisas, por que o desenvolvimento econômico não depende apenas da disciplina fiscal, mas de uma política econômica que mantenha os cinco preços certos e as duas contas macroeconômicas equilibradas.
Este vídeo pode te interessar
O Brasil está ficando para trás no processo de desenvolvimento das nações. É hora de reverter isso! Quem sabe as ideias e caminhos não estejam tão perto e disponíveis!
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.