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São, respectivamente, diretora executiva e conselheiro da Transparência Capixaba

Brasília, 8/1/23: vandalismo, terrorismo e golpismo puro e simples

Senhoras e senhores que se passam por respeitáveis num banco de praça, num almoço de família ou numa banca de feira perderam a humanidade no olhar e no agir

  • Adila Damiani e Rodrigo M. Rossoni São, respectivamente, diretora executiva e conselheiro da Transparência Capixaba
Publicado em 09/01/2023 às 16h30
Móveis e vidros quebrados no Senado Federal após ataques terroristas promovidas por bolsonaristas, em Brasília (DF)
Móveis e janelas danificados no Senado Federal. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nas horas que se seguiram ao terror imposto na fatídica tarde deste domingo (8),  à medida que, diante de nossos olhos, a desordem e o caos na capital do país se tornaram uma avalanche de destruição contra aqueles que são os grandes símbolos dos Três Poderes da nossa democracia, dois sentimentos se destacavam entre analistas, comentaristas políticos, jornalistas e tantas outras pessoas nas redes sociais: impotência e desolação.

A barbárie anunciada provocada por vândalos, terroristas e ladrões do patrimônio público nacional não encontra precedentes em nossa história. Estimulados por, pelo menos, quatro anos de uma violenta quebra da ruptura institucional e do pacto civilizatório, aquelas pessoas não tinham qualquer outro objetivo a não ser a destruição e o terrorismo. As pautas, as mesmas de sempre, antidemocráticas e alijadas da realidade e – por que não? – da sanidade mental, não poderiam prosperar porque são anacrônicas e porque não encontram qualquer fundamentação republicana num Estado Democrático de Direito. Vandalismo, terrorismo e golpismo puro e simples, construídos e alimentados sistematicamente nesses últimos anos.

A desolação e a tristeza não surgem  apenas pelas obras de arte destruídas, pelos prejuízos materiais e pela sujeira deixada por pessoas fanáticas e covardes, que usam os valores cristãos, nacionalistas e familiares para esconder as suas verdadeiras intenções. Nosso pesar pela democracia, sangrada por essa escória, também é pela expressão daqueles olhos vis: senhoras e senhores que se passam por respeitáveis num banco de praça, num almoço de família ou numa banca de feira perderam a humanidade no olhar e no agir.

Há pouco tempo essas pessoas poderiam ser familiares, amigáveis, amáveis. O que se tornaram? Ressentidos que não aceitam a derrota e estão órfãos do líder que os abandona, sem reconhecer que seu projeto político não foi aprovado nas urnas. De lunáticos que viviam uma realidade paralela, agora se tornaram criminosos e selvagens.

Também nos sentimos impotentes com a perda de confiança em nossas forças de segurança que, nas imagens, se mostravam coniventes, lenientes, amasiadas com a falange de terroristas teleguiados e financiados por quem não mostra a cara, pois se esconde nas sombras do anonimato.

Para que possamos superar essa sensação de derrota coletiva, os envolvidos têm que ser rigorosamente punidos. Não apenas os terroristas lesa-pátria, mas seus financiadores e, principalmente, os agentes públicos que estimularam e permitiram que essas pessoas atentassem contra a nação. Não se pode mais tolerar o inconformismo com a derrota, a prevaricação e a sanha golpista desses saqueadores da democracia.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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