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Vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo

Caminhos do Campo: o Espírito Santo no rumo certo

É um programa que segue ativo. Em 20 anos são mais de 1.300 km de estradas rurais pavimentadas, num total de 142 trechos em 66 municípios capixabas. Investimento que supera R$ 1 bilhão em valores atuais

  • Ricardo de Rezende Ferraço Vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo
Publicado em 14/09/2024 às 02h30

Naquele famoso samba, "Feitiço da Vila", Noel Rosa dizia: “A Vila não quer abafar ninguém, só quer mostrar que faz samba também”. A evolução recente do Espírito Santo lembra um pouco essa imagem. A cada ano que passa, nosso Estado desponta entre os mais bem avaliados. Tal como Noel, nosso desejo como brasileiro é de que todos os estados do nosso país atinjam níveis de excelência, em termos de qualidade de vida, infraestrutura, meio ambiente e gestão pública. Não temos soberba. Mas é difícil não sentir muito orgulho da nossa trajetória.

Até os anos 1960, tínhamos um Estado com uma economia predominantemente baseada na monocultura do café. De lá para cá, nossa economia cresceu. Desenvolvemos níveis de excelência e qualidade em todos os setores. Na própria agricultura, além da revolução de produção e qualidade no café, houve uma impressionante diversificação e atualmente estamos na vanguarda nacional no uso de tecnologia de ponta em diversas culturas. No segmento de serviços tecnológicos para o agro, diversas empresas capixabas despontam no cenário nacional. Sem falar no agroturismo, em que fomos um dos estados pioneiros.

A partir do início dos anos 2000, passamos também a mudar o rumo na gestão pública. E os resultados foram aparecendo. Em 2023 saltamos da décima para a sexta posição no Ranking de Competitividade do Centro de Liderança Pública (CLP), e somos o 1º lugar em solidez fiscal. Destaque também em infraestrutura. Nota A no Tesouro Nacional. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) estamos em 1º lugar no ensino médio, junto com Goiás. E daria para seguir adiante, mas não queremos abafar.

Um dos elementos fundamentais para este sucesso foi a sucessão e alternância de governos estaduais ocorridas de 2003 até os dias atuais. Independentemente de diferenças políticas e de estilo, o que tivemos foi uma sequência de governos que investiram no planejamento, na qualidade de gestão e numa relação republicana entre os diferentes níveis da federação e os demais poderes. Havendo uma forma de definir, eu diria que, apesar das diferenças, predominou a determinação e o compromisso de manter o Espírito Santo no rumo certo.

Um dos programas exemplares desta trajetória é o Caminhos do Campo, que há 20 anos pavimenta estradas rurais. Criado em 2004, no âmbito da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), no período em que fui secretário administrando ativamente sua concepção e implementação.

A inspiração veio de estradas do interior da Itália, que ligam pequenas comunidades e a agricultura de pequenas propriedades aos grandes centros, preservando os traçados originais, valorizando as tradições, a paisagem e o meio ambiente. Em outras palavras, adequar e revestir estradas rurais capixabas, priorizando as áreas de maior concentração de agricultura familiar para melhorar o escoamento da produção, a mobilidade e facilitar o fluxo de visitantes para desenvolver o agroturismo.

É um programa que segue ativo. Em 20 anos são mais de 1.300 km de estradas rurais pavimentadas, num total de 142 trechos em 66 municípios capixabas. Investimento que supera R$ 1 bilhão em valores atuais.

E, não por acaso, no início priorizamos trechos que ligam e revelam comunidades construídas por migrantes, sobretudo italianos e alemães. Juntando, infraestrutura, economia e a riqueza cultural que resiste nestas regiões.

Uma das primeiras obras que fizemos no Caminhos do Campo foi a Rota do Lagarto. Quem visita a região de Pedra Azul, e não a conheceu no passado recente, não tem a dimensão do impacto que houve no desenvolvimento do turismo e na economia local em poucos anos. A Rota, além do charme, viabilizou o surgimento e desenvolvimento de inúmeros negócios e empregos. Pousadas, restaurantes, espaços de visitação e a valorização do mercado imobiliário local sem a degradação do ambiente.

Paisagem da Rota do Lagarto, em Pedra Azul, distrito de Domingos Martins
Paisagem da Rota do Lagarto, em Pedra Azul, distrito de Domingos Martins. Crédito: Trip Advisor/Reprodução

Outra estrada emblemática é a ligação da BR 101 até Buenos Aires, em Guarapari. Obra iniciada em 2005 e que também tive a oportunidade de inaugurar. Quem já teve a sorte de conhecer pôde presenciar o que esse caminho representa na transformação da região. Cervejarias artesanais, restaurantes pousadas, cafés, recebendo em alto nível de qualidade um fluxo crescente de visitantes.

Da mesma época é a obra ligando a BR 262 em Vitor Hugo (Marechal Floriano) a São Bento de Urânia (Alfredo Chaves). Esse caminho viabilizou o melhor escoamento da agricultura da região, conhecida como a Capital Nacional do Inhame, que também conta com uma significativa produção de vinho artesanal e é singular pela concentração de descendentes de imigrantes italianos e falantes do vêneto, dialeto original da região homônima na Itália.

Um pouco depois, foi a vez do Caminhos do Campo acontecer em Santa Teresa, berço da imigração italiana. Primeiro na região de Alto Santo Antônio, simbólica pela exuberância da mata atlântica e proximidade da Reserva Biológica Augusto Ruschi. Posteriormente a ligação da sede do município ao Vale das Tabocas, roteiro destaque na produção de vinho. Santa Teresa hoje é referência na produção agrícola, no turismo e abriga um dos mais importantes festivais de jazz do país.

Os exemplos de políticas públicas que deram certo são inúmeros. Oportunamente contaremos a trajetória da evolução da qualidade do café capixaba. O Caminhos do Campo é uma espécie de símbolo de uma política pública transformadora das comunidades e da vida das pessoas. E ao atravessar vários governos é um exemplo de caminho para manter o Espírito Santo no rumo certo.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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