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É vice-governador, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo

Campanha da Fraternidade 2025: “Deus viu que era tudo bom”

O chamado é oportuno, em função da urgência da questão ambiental e da realização da COP 30 em novembro deste ano. De certa forma, a reflexão e o apelo pela conversão propostos nesta edição não se encerraram com a Quaresma

  • Ricardo Ferraço É vice-governador, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo
Publicado em 19/04/2025 às 09h56

Estamos na Páscoa, a principal festa cristã, que se iniciou de fato no último domingo, o Domingo de Ramos. Na Quinta-Feira Santa encerrou-se o período da Quaresma e hoje, Sábado de Aleluia, é a véspera da data mais importante e esperada, o Domingo da Ressurreição.

A Quaresma é um período de preparação e reflexão, durante o qual ocorre no Brasil a Campanha da Fraternidade, criada há 61 anos. O tema da campanha de 2025 é “Fraternidade e Ecologia Integral”, com um lema que remete ao livro do Gênesis: "Deus viu que tudo era muito bom”.

O objetivo geral é “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra”. A ecologia é a questão mais tratada pelas Campanhas da Fraternidade, incluindo a de 2025, nove edições já abordaram essa temática.

O chamado é oportuno, em função da urgência da questão ambiental e da realização da COP 30 em novembro deste ano. De certa forma, a reflexão e o apelo pela conversão propostos nesta edição não se encerraram com a Quaresma. Eles devem permanecer nos corações e mentes de todos nós, independentemente de credo.

O prêmio Nobel Daniel Kahneman, em seu livro “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, propõe que há duas formas de pensar: uma rápida, intuitiva e emocional; e outra, mais lenta, deliberativa e lógica. Em termos da questão ambiental e de urgência climática, precisamos ser rápidos, agir com emoção e, respeitando os alertas da ciência, tomar as deliberações necessárias. Em resumo, precisamos agir rapidamente, com fé e, ao mesmo tempo, de forma racional.

O Governo do Espírito Santo tem feito a sua parte com dedicação, assim como importantes empresas que atuam em nosso Estado.

Ao longo dos últimos 15 anos foram criados a Política Estadual de Mudanças Climáticas e o Programa Reflorestar. Em 2021, o governo aderiu às campanhas “Race to Zero” (Corrida para o Zero) e “Race to Resilience” (Corrida para a Resiliência) da ONU. Em 2023, foram lançados o Plano de Descarbonização e Neutralização das Emissões de GEE do Espírito Santo e o Fundo Cidades Mudanças Climáticas. Enquanto o primeiro estabelece diretrizes e metas para 2050, o segundo disponibiliza recursos visando o desenvolvimento sustentável dos municípios e a redução dos impactos causados pelas mudanças climáticas.

Nosso país tem vivido avanços e recuos na questão ambiental. Mesmo com a redução a partir de 2023, o desmatamento segue sendo uma questão preocupante. Nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu 8.558.237 hectares de vegetação nativa, o equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro.

No Pantanal, a redução das superfícies com água tem favorecido a ocorrência de incêndios mais frequentes e intensos. Em todo o país, temos assistido a catástrofes frequentes, provocadas por chuvas intensas e secas cada vez mais prolongadas.

Crédito: Bruno Rezende/GovernoMS
Pantanal em chamas. Crédito: Crédito: Bruno Rezende/GovernoMS

O chamado da Campanha da Fraternidade é de que “estamos no decênio decisivo para o planeta! Ou mudamos, convertemo-nos, ou provocaremos, com nossas atitudes individuais e coletivas, um colapso planetário. Já estamos experimentando seu prenúncio nas grandes catástrofes que assolam o nosso país. E não existe planeta reserva! Só temos este! E, embora ele viva sem nós, nós não vivemos sem ele. Ainda há tempo, mas o tempo é agora. É preciso uma urgente conversão ecológica: passar da lógica extrativista, que contempla a Terra como um reservatório sem fim de recursos, de onde podemos retirar tudo aquilo que quisermos, como quisermos e quanto quisermos, para uma lógica do cuidado”.

A identidade visual da campanha mostra, no mesmo quadro: São Francisco de Assis, representando o novo homem convertido; a Cruz como elemento de espiritualidade; a Natureza com exemplos da flora e da fauna brasileira; e as cidades, com prédios e favelas, mostrando um Brasil desigual e cada vez mais urbano.

A Páscoa representa o renascimento. Que seja a inspiração para nossa conversão, para que trabalhemos de forma decisiva pela salvação de nosso planeta e o futuro das novas gerações.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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