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É mastologista oncológica do Núcleo Especializado em Oncologia (Neon)

Câncer de mama em homens: diagnóstico tardio leva à mortalidade mais alta

Justamente por ser mais raro, não existe rastreamento de câncer de mama no homem, a não ser que esse homem seja de alto risco (história familiar) e chegue ao médico com alguma queixa

  • Laís dos Santos Gueiros É mastologista oncológica do Núcleo Especializado em Oncologia (Neon)
Publicado em 11/10/2022 às 16h01

O câncer de mama é uma doença em que ocorre a multiplicação desordenada de células da mama, formando um tumor. É o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no Brasil (excluídos os tumores de pele não melanoma), mas também pode atingir os homens, apesar de bem mais raro, representando cerca de 1% de todos os cânceres de mama.

No entanto, por acharem que câncer de mama só pode ocorrer em mulheres, os homens, até mesmo os que têm risco aumentado para câncer de mama, não procuram o médico para investigação e, desta forma, tendem a ter o diagnóstico tardio da doença e a ampliação da taxa de mortalidade.

Como este mês (outubro) é dedicado à prevenção do câncer de mama, com a campanha Outubro Rosa, vale alertar também os homens para esse tipo de tumor, envolvendo toda a sociedade nessa conscientização.

Justamente por ser mais raro, não existe rastreamento de câncer de mama no homem (ou seja, não há recomendação para fazer a mamografia de rotina), a não ser que esse homem seja de alto risco (história familiar) e chegue ao médico com alguma queixa na mama. Portanto, o mais importante: que cada homem preste atenção ao seu corpo e aos fatores de risco.

Normalmente, esse tipo de câncer aparece em homens mais velhos, acima dos 60 anos. Pacientes com histórico de radiação na parede torácica devem ter a atenção redobrada, pois o risco de câncer de mama para eles fica aumentado em até sete vezes. Chamamos atenção também a nódulos mamários nos homens que têm história familiar em parentes de primeiro grau, o que pode aumentar em 2,5 vezes o risco de desenvolver a doença.

É importante lembrar que o hormônio estrógeno, que estimula o desenvolvimento nas mamas, também tem sido implicado como um fator de risco potencial para o câncer de mama nos homens, assim como nas mulheres. O excesso de estrogênios pode ter origem endógena (no próprio corpo), como ocorre nas patologias dos testículos (orquites, criptorquidia) e nas patologias hepáticas; e exógenas, como uso de medicamentos com o hormônio. A obesidade é considerada a causa mais comum de hiperestrogenismo no homem.

Ao primeiro sinal de um caroço na mama e alterações no mamilo, é bom agendar uma consulta com um mastologista. Entre os sintomas estão: nódulo indolor ou tecido mamário mais espesso; alterações na pele junto com o nódulo: vermelhidão, enrugamento, inchaço e aparência semelhante à casca de laranja; inversão do mamilo ou saída de sangue ou secreção; nódulos (caroços) nas axilas.

Quanto ao tratamento, como a mama masculina é pequena e os nódulos são atrás do mamilo, geralmente não é possível fazer cirurgias conservadoras (que retiram apenas parte da mama). A cirurgia costuma ser a retirada de toda a mama com a auréola e o mamilo (mastectomia total), com a cirurgia axilar (retirada de gânglios) no mesmo tempo cirúrgico.

Outros tratamentos podem ser necessários, como nas mulheres: quimioterapia, radioterapia ou bloqueio dos hormônios, dependendo do tamanho do tumor e de suas características biológicas.

Mas, para que nada disso seja preciso, vale a pena investir na prevenção que, tanto para homens quanto para mulheres, segue a linha de adoção de hábitos de vida saudáveis, evitando-se o fumo, o consumo de bebidas alcoólicas e mantendo-se uma rotina de atividades físicas e de alimentação saudável, o que diminui o risco de desenvolvimento da doença.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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