Nas últimas semanas a sociedade conheceu mais uma história de violência doméstica, e mais uma vez entendeu (esperamos) que a violência contra mulher não tem nível econômico. Cenas de um músico de reconhecimento nacional, conhecido como Dj Ivis, foram divulgadas nas redes sociais por sua ex-mulher, Pamella Holanda. Nelas, o DJ desfere chutes e socos contra ela em momentos diferentes em frente a duas pessoas e da filha do casal, de meses de idade.
As cenas por si só são estarrecedoras e chocantes, mas uma das perguntas que temos a fazer é: por que essas duas pessoas não realizaram a denúncia das agressões?! Ao analisarmos a fala da vítima e as matérias que pulverizaram nas redes, temos conhecimento que se tratam do motorista do DJ e da mãe de Pamella!
Há um ditado que permeia o imaginário popular, que diz que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. A luta contra a violência doméstica tem tentando através de leis, políticas públicas e campanhas, mudar essa ideia enraizada. Porém há diversas observações necessárias sobre as relações dessas testemunhas com vítima e agressor.
No caso do motorista do DJ, muitas informações estão desencontradas e inclusive ele está sendo investigado. Porém é precípua uma reflexão! Quando falamos de empregado x empregador, presenciamos uma relação de poder socialmente instituída, em que o empregado depende do labor para seu sustento e de sua família, levando-o a estabelecer limites quanto às intervenções no mundo privado do patrão.
Tais pessoas, que ocupam o privado, mas não possuem poder sobre ele, encontram-se na maioria casas de classes médias e altas brasileiras e, devido a tal relação, sentem medo de denunciar. Trata-se de uma relação milenar, que não é simples de ser quebrada e que infelizmente perpetua a impunidade.
“Mas e a mãe!?”, bradamos. A sociedade nos ensinou que o privado é intocável, não só a propriedade privada, mas as relações também, principalmente o casamento. Por isso nos afastamos daquilo que “não nos diz respeito” e colocamos no outro a responsabilidade por sua vida e sobre as decisões quanto a ela!
Isto seria válido se a pessoa estivesse exercendo de forma plena o seu direito de liberdade, não sendo coagida, agredida, humilhada ou ameaçada, como é o caso das violências domésticas. Quando a liberdade é tolhida, perdemos nossas forças e somos colocadas em um local de subjugo! Nesse momento, a mulher (ou qualquer outra pessoa que sofra violência) precisa de apoio e de alguém que lute por ela, seja alguém do círculo particular, seja do poder público.
Então o que fazer? Para quebrarmos essas barreiras precisamos conhecer canais de proteção! A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 recebe denúncias de violência contra mulher e não é preciso se identificar, garantindo o anonimato daqueles que desejam ajudar mas não sabem como ou tem medo de fazê-lo.
Este vídeo pode te interessar
Outro ponto importante é o ato empático de nos colocarmos no lugar de outras pessoas! Ao realizá-lo, percebemos o quanto a sua liberdade de escolha lhe foi tirada e compreendemos que a ajuda é necessária!
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.