Realizado a cada 10 anos, o Censo Demográfico coleta informações da nossa população e permite tirar um retrato de cada município do país com levantamento de dados como renda, saneamento básico, escolaridade, saúde etc. Essas informações são primordiais para o desenho de políticas públicas eficientes.
Previsto para acontecer no ano passado, o Censo foi adiado para este ano por conta da pandemia e será executado com um orçamento previsto de apenas 3,5% do valor calculado pelo IBGE, órgão responsável pela coleta desses dados, representando um corte de R$ 1,76 bilhão.
A redução dos recursos carrega com ela a insegurança sobre a prestação desse serviço de vital importância para os Estados e municípios. Em um cenário pandêmico, o levantamento destes dados se mostra ainda mais importante para traçarmos um planejamento real de como sair desta crise mundial.
Sabemos empiricamente que as perdas no campo educacional no Brasil são gigantescas, mas ainda não se sabe qual município foi mais atingido, quantas crianças efetivamente deixaram de frequentar as aulas ainda que de modo online, quantos alunos deixaram de se alimentar sem fazer as refeições nas suas escolas. Esse é um triste exemplo da escuridão em que estão as políticas públicas deste governo.
Contar com a possibilidade de um Censo de baixa qualidade devido ao absurdo corte de recursos é ter um futuro socioeconômico comprometido. Não haverá baliza para a execução de orçamento. Teremos uma imagem mambembe dos nossos Estados e municípios.
Partindo da mesma ideia de Edmund Burke, que cunhou a célebre frase “um povo que não conhece sua história está fadado a repeti-la”, podemos entender que, sem o retrato que o Censo Demográfico nos fornece, podemos comprometer séries históricas, o que poderá resultar em uma menor pressão para o desenho e, principalmente, para a execução das políticas sociais que têm por finalidade a busca pela justiça social.
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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