A água está presente na história da humanidade desde surgimento de civilizações, em ocupação de territórios, na produção de alimentos e produtos. Praticamente tudo o que nós consumimos precisa de água para sua geração. Neste dia 22 de março, comemoramos o Dia Mundial da Água e vale lembrar que esse bem precioso luta contra a escassez.
Da distribuição hídrica no nosso planeta, 97,5% é de água salgada e 2,5% de água doce. Entretanto, o total de água doce não se refere à água disponível para uso, pois somente cerca de 0,77 %, está disponível para consumo, sendo encontrada em rios, lagos e em aquíferos subterrâneos. O problema torna-se ainda mais grave porque a água disponível não tem uma distribuição igualitária entre os continentes e países: o continente africano é uma das regiões que mais sofre com a carência de disponibilidade hídrica frente ao tamanho de sua população.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 70% da água usada é destinada para irrigação, ou seja, para a produção de alimentos. Dado o alto uso da água neste setor, o aumento populacional e a crescente necessidade de alimentos têm levado a incertezas quanto à oferta e disponibilidade de água.
A baixa disponibilidade, contaminação e a falta de investimentos têm dificultado o acesso da população à água de qualidade. A ONU estima que, em média, 5 mil crianças morram por dia de doenças relacionadas à falta de água ou saneamento básico no mundo. Segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde, para cada dólar não investido em água e saneamento, são gastos 4,3 dólares em custos de saúde.
Diante desse cenário, alguns pesquisadores já discutem uma crise global da água, nos próximos anos, com efeitos imprevisíveis para todos os que dependem dela. Por isso, faz-se imediata a tomada de decisão e a criação de políticas públicas que possam reverter esse quadro caótico. Temas como o reúso da água, sobretudo, nos meios produtivos e na agricultura, vêm sendo debatidos já há alguns anos como ferramentas atenuantes no enfrentamento da crise hídrica.
A reutilização, a reciclagem e a recuperação de efluentes, também conhecidas como 3 Rs, podem ser uma boa saída para a crise, com uso nas indústrias, residências, agricultura, entre outras áreas. Essas alternativas diminuem a retirada dos sistemas de água doce, bem como o volume de resíduos lançados nas águas.
A proteção dos corpos hídricos e o uso e ocupação do solo são elementos importantes para serem considerados na qualidade final da água. A preservação dos mananciais e a recuperação de mata ciliar, que cobre as bordas dos rios e lagos, são de extrema importância para a manutenção desse ecossistema, evitando processos de erosão e perda de volume e qualidade de água. A proteção de áreas de floresta contribui para a manutenção da umidade, não apenas onde essas vegetações se encontram, mas também a centenas de quilômetros de sua origem.
Desta forma, cada cidadão, na sua casa, no seu comércio e nas áreas públicas, tem papel fundamental na utilização e preservação desse bem tão precioso. E, talvez, por sermos agraciados com tanta abundância desse recurso aqui no Brasil, estamos esquecendo de dar a devida atenção. Garantir água a todos os que dela precisam, no presente e para as próximas gerações, significa permitir a perpetuação da vida a todos àqueles que, humanos ou não, têm o direito de conviver neste planeta.
Lorena Dornelas Marsolla é doutoranda em Engenharia Ambiental e professora do curso de Engenharia Ambiental da Faesa, e Marcos Thiago Gaudio Gomes é doutor em Biologia Vegetal e professor do curso de Ciências Biológicas da Faesa
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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