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É especialista de Análise Econômica do Ibef-ES

Como a nova alta da Selic afeta o bolso da população

Os consumidores também sentem no bolso: a alta dos juros encarece financiamentos, principalmente para bens de maior valor, como automóveis e eletrodomésticos. Isso acaba reduzindo a demanda e desacelerando a economia como um todo

  • Thiago Goulart É especialista de Análise Econômica do Ibef-ES
Publicado em 20/03/2025 às 16h13

Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, no dia 19 de março, elevar a taxa Selic de 13,25% para 14,25% ao ano. A decisão veio acompanhada de um tom mais duro por parte da autoridade monetária e foi impulsionada por dois fatores cruciais: a persistência da inflação e as incertezas fiscais do país.

Olhando para o cenário inflacionário, temos uma inflação resiliente, que já superou 5% no acumulado de 12 meses. O dado de fevereiro, em especial, chamou atenção ao registrar uma alta expressiva de 1,31%, o que reforça a necessidade de medidas para conter a escalada de preços.

Já no campo fiscal, a falta de alinhamento dentro do Congresso Federal em relação a um ajuste das contas públicas segue como uma grande preocupação. Desde a formulação do arcabouço fiscal, ainda na equipe de transição do governo, há um dilema claro: o país gasta muito e, para compensar, busca aumentar a arrecadação via tributos. Essa incerteza contribui para a necessidade de juros mais altos.

No dia a dia da população e das empresas, o impacto dessa elevação da Selic é significativo. Juros mais altos tornam o crédito mais caro, o que afeta diretamente o consumo e os investimentos. Para as empresas, isso significa dificuldade maior para acessar capital de giro, essencial para a manutenção das operações e expansão dos negócios. Com menos investimentos, há menor geração de empregos, o que impacta a renda da população e o crescimento econômico.

Os consumidores também sentem no bolso: a alta dos juros encarece financiamentos, principalmente para bens de maior valor, como automóveis e eletrodomésticos. Isso acaba reduzindo a demanda e desacelerando a economia como um todo.

Taxa Selic
Taxa Selic. Crédito: Shutterstock

Diante desse cenário, a tendência é que a atividade econômica perca força em 2025, com um crescimento do PIB inferior ao de 2024. Essa desaceleração será intensificada pela política fiscal mais restritiva e por um mercado de trabalho menos dinâmico. Os setores industrial, comercial e de serviços tendem a sentir os efeitos desse ambiente de crédito mais caro e menor expansão econômica.

O desafio, agora, é encontrar um equilíbrio entre a necessidade de controlar a inflação e evitar que a economia desacelere de forma excessiva, prejudicando empresas e consumidores.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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