Há mais de 120 dias, dormimos em um mundo e acordamos em outro. Ingênuo pensamento achar que ficaríamos somente 14 dias de quarentena. Mesmo em casa, diariamente, as famílias vivem novos desafios, adaptações e readaptações. Parecem simples, mas não são. As emoções não controladas no momento transformam ações triviais em complexas, exigindo muito das famílias.
Esse dito “fique em casa” deixou de ser banal, demandando ainda mais por parte dos pais, na busca por um equilíbrio emocional. O tal home office, as diversas atividades domésticas e o acompanhamento dos filhos nas atividades pedagógicas, para muitos, virou um pesadelo. E como buscar esse equilíbrio mediante novas adaptações imediatas? O medo deixa de ser uma sensação abstrata e se materializa.
A incerteza do tempo de retorno e da “vida normal” somatizam frustrações no cotidiano familiar e as emoções começam a sinalizar um pedido de socorro: nossa saúde mental está sendo diretamente afetada. São várias famílias clamando por orientações na condução da rotina. Como se manter distante de familiares, amigos e vida social? Como privar a liberdade das crianças de saírem e brincarem juntas por um período tão extenso? São situações desesperadoras e para as quais tentamos, por meio de orientações, diálogos ou novas estratégias de vivência, tornar mais suaves.
Gostaríamos de ter uma poção mágica para mitigar essas dores emocionais. Podemos nos sentir perdidos, amedrontados e com sentimentos confusos, principalmente por ser um momento novo, cheio de incertezas e perspectivas desafiadoras. Porém, “sabemos que a criatividade e as forças de caráter nos ajudam a superar os problemas e promovem a saúde mental das pessoas em diferentes ambientes e situações, sendo então importante que ela seja desenvolvida nestes momentos tão críticos”. (Morais, Miranda & Wechsler, 2015).
Atualmente, escutamos com frequência depoimentos de pessoas que se reinventaram mediante os desafios econômicos e emocionais, fizeram projeções interiores e descobriram novas formas de sobrevivência que estavam adormecidas. Diariamente a mídia divulga notícias de famílias que, com ajuda mútua, reaprenderam a conviver, passaram a dividir as tarefas de casa, conheceram melhor o processo de desenvolvimento dos filhos e ainda conseguiram manter o sorriso no rosto.
Isso é força positiva que transformamos em combustível, nutrindo nosso interior. Fácil? Não. Impossível? Também não. Mas, se pararmos com as lamentações, os discursos negativos e trabalharmos a favor de nós mesmos, é possível vencer esse tempo com menos dor e mais experiências positivas e fortalecidas.
*A autora é diretora pedagógica do Centro Educacional Viver
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