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É advogada e sócia-fundadora do Instituto de Compliance do Espírito Santo

Como combater o assédio sexual no ambiente de trabalho?

Os tipos de assédio sexual variam desde o assédio verbal, com comentários de natureza sexual e convites insistentes, até o assédio físico, que inclui toques indesejados e tentativas de beijos ou carícias sem consentimento

  • Aretusa Araújo É advogada e sócia-fundadora do Instituto de Compliance do Espírito Santo
Publicado em 15/06/2024 às 10h00

O assédio sexual no ambiente de trabalho é um problema grave e persistente que afeta milhares de mulheres em diversas profissões. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que 52% das mulheres economicamente ativas já foram assediadas sexualmente.

Esse comportamento não apenas viola os direitos fundamentais das trabalhadoras, mas também prejudica sua saúde física, emocional e profissional. Os dados ressaltam a seriedade do problema e a necessidade de atenção e discussão para enfrentá-lo de maneira eficaz.

A Lei n° 14.457/2022, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e institui o programa Emprega + Mulheres, representa um passo significativo na promoção de ambientes de trabalho seguros e respeitosos.

A legislação exige que empresas com Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) implementem ações específicas de prevenção ao assédio e estabeleçam canais de denúncia eficazes. Essa medida visa proteger as trabalhadoras de comportamentos inadequados e promover uma cultura organizacional baseada no respeito e na diversidade.

Os setores tradicionalmente masculinos, como a indústria, construção civil, engenharia e tecnologia, são especialmente propensos ao assédio sexual devido à desigualdade de poder e à cultura machista que ainda persiste.

Mulheres em áreas de atendimento ao público, como restaurantes, bares, hotéis e varejo, também estão vulneráveis, enfrentando assédio por parte de clientes, colegas ou superiores hierárquicos.

Profissionais da saúde, assistência social e entretenimento, como atrizes e jornalistas, igualmente enfrentam altos riscos de assédio devido ao contato frequente com pacientes, clientes ou à objetificação sexual na indústria.

Os tipos de assédio sexual variam desde o assédio verbal, com comentários de natureza sexual e convites insistentes, até o assédio físico, que inclui toques indesejados e tentativas de beijos ou carícias sem consentimento.

assédio
Assédio no trabalho. Crédito: Freepik

Assédio não verbal, como olhares insinuantes e envio de mensagens sexualmente explícitas, e assédio virtual, incluindo cyberbullying e sexting não consensual, também são preocupações significativas.

A implementação de canais de denúncia é essencial para garantir que os trabalhadores se sintam seguros ao relatar casos de assédio. Esses canais devem ser acessíveis, eficazes e garantir a confidencialidade e imparcialidade no tratamento das denúncias.

Todas as queixas precisam ser investigadas de forma adequada e transparente, assegurando que as vítimas recebam o suporte necessário e que os assediadores sejam responsabilizados por suas ações.

Essas medidas são fundamentais para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e acolhedor, onde todos os trabalhadores possam exercer seus direitos e dignidade plenamente. É crucial que as empresas desenvolvam políticas claras e diretrizes que promovam um ambiente de trabalho seguro e respeitoso.

Oferecer treinamentos regulares sobre assédio e o combate à violência no ambiente do trabalho, suas consequências e os procedimentos para relatar incidentes é uma maneira eficaz de sensibilizar os colaboradores e prevenir comportamentos inadequados.

Além disso, as empresas devem assegurar que as políticas internas sejam bem comunicadas e compreendidas por todos os colaboradores, garantindo que todos estejam cientes de seus direitos e das medidas de proteção disponíveis.

A promoção de uma cultura organizacional baseada no respeito e na diversidade é benéfica não apenas para as vítimas de assédio, mas para todos os trabalhadores. Ambientes de trabalho saudáveis e produtivos são mais propensos a atrair e reter talentos, além de melhorar o desempenho e a satisfação geral dos colaboradores.

Implementar ações de prevenção ao assédio e estabelecer canais de denúncia não é apenas uma obrigação legal, mas um investimento no bem-estar e na produtividade da força de trabalho.

Por fim, devemos ressaltar que esses canais são essenciais para garantir que os trabalhadores se sintam seguros para relatar casos de assédio ou comportamento inadequado, sem medo de retaliação.

E as empresas devem garantir a confidencialidade e a imparcialidade no tratamento das denúncias, garantindo que todas as queixas sejam investigadas de forma adequada e transparente. Nesse ponto, ter canais externos, independentes, é o melhor caminho.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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