Bem próximo do mês de maio, ocasião em que os órgãos ligados à segurança viária iniciam suas campanhas do “maio amarelo”, com a slogan deste ano de “A paz no trânsito começa por Você”, as mortes decorrentes dos acidentes rodoviários, nesta primeira quinzena do mês de abril, assustam pela frequência e tamanha violência.
São um emaranhado de ferros retorcidos e pedaços de veículos espalhados pelas vias que, nem mesmo os mais modernos, com melhores sistemas de segurança, conseguem minimizar os impactos causados no meio de tanta violência. Raros são os dias que não se veicula na mídia mais um acidente com mortes ou feridos causando uma sensação horrível de insegurança.
No último fim de semana foram muitos. Na principal rodovia aqui do Espírito Santo, a BR 101, ocorreu um desses acidentes com cinco vítimas fatais. Todos da mesma família, de Duque de Caxias (RJ). Uma tragédia difícil de superar. Pelo noticiário, envolveu dois automóveis e dois caminhões.
Os caminhões geralmente estão envolvidos nessas tragédias. O fluxo deles é enorme na citada rodovia. No total, somente naquele sábado e domingo, foram nove óbitos. Na BR 259, em João Neiva, Norte do Estado, no domingo, pai e filho perderam a vida em mais um trágico acidente. Cabe ressaltar que esses números são contabilizados nos locais dos sinistros. As vítimas removidas para os hospitais, que falecem posteriormente, não entram nessas estatísticas. Infelizmente, o cenário é ainda pior.
As causas são quase sempre as mesmas. Imprudência dos condutores transitando em excesso de velocidade, ultrapassagens em locais proibidos, pedestres atravessando fora das faixas... enfim, um festival de desrespeito às normas de circulação e conduta assinaladas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). E aqui é preciso registrar que os órgãos fiscalizadores aumentam repetidamente a “vigilância” sobre essas condutas irregulares, bem como as campanhas educativas de conscientização, mas infelizmente os números são de guerra.
A BR 101, rodovia federal concedida à iniciativa privada, geralmente é o palco das maiores tragédias. Com traçado e geometria, em muitos trechos, ainda da década de 50, suas pistas simples, com curvas sinuosas, formam os ingredientes desfavoráveis para a segurança viária local.
O grande fluxo de veículos em circulação é um fato. Não pode ser desconsiderado. Mas ainda é a condição da infraestrutura da estrada e a conduta imprudente de muitos condutores formando os elementos condicionantes para tantos acidentes. Nos trechos de pista simples, os riscos de sinistros de trânsito aumentam exponencialmente. As vias com curvas “fechadas” não permitem “erros” por parte dos condutores. Ao menor ato de descuido, uma “olhada no celular”, o resultado pode ser fatal. Como geralmente é. E são nessas curvas ou logo após elas os locais de maior incidência desses acidentes.
Entrando em qualquer dessas curvas com excesso de velocidade, o condutor não consegue “segurar” o veículo na sua pista e acaba colidindo com o veículo vindo em sentido contrário. Os números estão aí para ratificar a afirmação. As colisões frontais são as mais violentas. Geralmente provocam mortes. Principalmente dos condutores dos automóveis pequenos. Os motoristas de caminhões estão de certa maneira mais protegidos pelo tamanho dos veículos e em “vantagem” quando o acidente envolve um automóvel de passeio e um caminhão.
Com números pouco favoráveis, no ano passado tivemos a perda de mais de 800 vidas decorrentes de acidente de trânsito no Estado, dados do Observatório de Segurança Pública, e na semana passada o capixaba se deparou com uma cena bem curiosa, um tanto quanto inusitada.
Os radares medidores de velocidade instalados nas rodovias administradas pelo estado foram cobertos por saco plástico de cor preta, chamando a atenção dos motoristas e pedestres que circulam por essas vias. Em todo o Estado, aqui na região metropolitana ou no interior, a cena se repete. Radares cobertos com saco preto. Sem esses equipamentos funcionando, o cenário se torna ainda pior.
A cena inusitada nos revela alguns problemas. Num primeiro momento pensava-se que os “técnicos” estivessem fazendo alguma manutenção corretiva, mas logo veio a informação pela mídia de que se tratava do fim do contrato com a empresa controladora dos equipamentos e que, até que uma nova assuma a operação, os radares voltarão a funcionar. Esperamos que essa burocracia seja resolvida o quanto antes. Fico me perguntando se não havia uma solução mais inteligente.
É notório que com os radares em operação as condições de segurança viária aumentam, contribuindo para a redução dos registros de acidentes. Tanto para pedestres como para condutores. Os equipamentos trazem segurança para o trânsito, principalmente aqueles instalados em vias urbanas onde há maior circulação viária.
Os atropelamentos em vias urbanas diminuem consideravelmente nesses locais. Os pedestres são os maiores beneficiados. Principalmente idosos e crianças. Com os tais sacos pretos, os sinistros de trânsito poderão aumentar e as consequências para todos podem ser desastrosas.
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