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É psicóloga e pós-graduada em psiquiatria e saúde mental da infância e adolescência

Como lidar com a tristeza das crianças na pandemia

Pais e professores, mesmo que à distância, precisam prestar atenção na forma como jovens se expressam, pois podem ser sinalizações ou respostas de como estão se sentindo

  • Airam Chaves É psicóloga e pós-graduada em psiquiatria e saúde mental da infância e adolescência
Publicado em 05/06/2021 às 14h00
Pais nem sempre estão dando a devido atenção às crianças
Pais nem sempre estão dando a devido atenção às crianças. Crédito: Debowscyfoto/ Pixabay

Uma coisa que a pandemia nos mostrou é o quanto estamos não só preocupados com o risco de contaminação, mas também estressados, cansados e tantos outros deprimidos. Mas esse problema não atinge só adultos. As crianças estão sendo muito afetadas. Algumas se tornaram mais agressivas, outras ficaram mais tristes ou com variações de humor.

Sabemos o quanto os pais estão transtornados com a demanda de trabalho em casa. O home office pode ter deixada as famílias no mesmo recinto, com a sensação de que estão mais próximos. No entanto, nem sempre isso significa que os pais estão dando a atenção que as crianças acham necessárias. Com isso, os filhos confundem a presença do adulto com a atenção que gostariam de receber, afetando suas emoções na pandemia.

Família, amigos e colegas são fatores fundamentais que formam a sociedade, mas têm sido atravessados pelo momento atual. Com as crianças, não é diferente. Elas não sabem como lidar com algo de que não se tem entendimento. Ainda é muito confuso para nós, adultos, imagina para eles?

Por exemplo, uma pesquisa conduzida recentemente pelo Children's Hospital of Chicago, nos Estados Unidos, veiculada na revista médica JAMA Network Open, mostrou dados preocupantes sobre a saúde mental das crianças e adolescentes americanas e como foram afetadas pelo ensino à distância na pandemia.

Entre as consultadas, cerca de 25% mostrou-se estressada, ansiosa e irritada. Outras, cerca de 33%, sentiram-se solitárias. Além disso, uma outra parte das crianças, cerca de 30%, que antes se mostravam felizes, começaram a desenvolver sentimentos como raiva, ficaram deprimidas, se sentindo solitárias ou estressadas no período em que suas escolas não recebiam os alunos fisicamente.

Isso confirma o quanto as crianças e adolescentes necessitam de uma troca afetiva entre amigos e professores. Vale lembrar que esse contato físico na primeira infância está ligado às funções emocionais cognitivas do cérebro. É nesse "ambiente familiar" que a escola constrói a identidade social do ser humano.

O fato de elas estarem isoladas dentro de casa colabora para que a criança passe a não interagir com outras crianças, nem mesmo com os adultos. Isso ainda gera comportamento agressivo, birras intensas, timidez exagerada, redução no desempenho escolar entre outros conflitos emocionais.

Portanto, pais e professores, mesmo que à distância, precisam prestar atenção na forma como os jovens se expressam e algumas atitudes que possam manifestar, pois podem ser sinalizações ou respostas de como estão se sentindo. Sempre que puderem, tirem um tempo de qualidade para conversar com eles, deem atenção e mostrem o quanto eles são importantes para vocês. Isso pode fazer toda a diferença!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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